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Vida Digna 

Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é demais
Quando chega em casa do trabalho quase vivo
Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o máximo
Liberdade pra escolher a cor da embalagem
Nessa selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é normal
Entrar na fila, comprar ingresso
Pra levar porrada
                                                                                   (Engenheiros do Hawai)

Quando a vida entra em uma rotina e nós nos contentamos com pouco. Nos contentamos com a situação deplorável em que nosso mundo está. Nos conformamos com a maldade, achamos normal crianças serem abusadas sexualmente, comum pessoas viciadas serem mortas todos os dias. Fingimos não ver crianças serem exploradas nos semáforos, mulheres sendo agredidas, lares sendo destruídos pela bebida. A gente já se acostumou e nem mais questionamos essa selva em que estamos vivendo.

Se nós estamos bem, se nossa família está bem, é o que importa e o resto é resto. Nós até falamos bastante em ajudar o próximo, o problema é que esse ajudar para onde começa o meu conforto, ou seja, eu ajudo desde que isso não interfira nos meus planos, na minha rotina, na minha agenda, no meu bolso. Que selva é essa em que estamos vivendo?

Você já observou como Jesus lidava com essas situações? Qual era a reação dele? Jesus quando ouve a voz de alguém clamando por sua ajuda age em favor da pessoa dando a ela vida digna, dignidade!

 

Leitura: Marcos 10:46-52

“Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! " Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: "Filho de Davi, tem misericórdia de mim! " Jesus parou e disse: "Chamem-no". E chamaram o cego: "Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando". Lançando sua capa para o lado, de um salto, pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus. "O que você quer que eu lhe faça? ", perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: "Mestre, eu quero ver! " "Vá", disse Jesus, "a sua fé o curou". Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho”.

Entendendo a hitória 

Jesus estava de viagem para Jerusalém, pois a Páscoa se aproximava. O caminho para cruz estava cada vez mais perto, ele sabia disso, sabia o fardo que iria carregar. No caminho para Jerusalém está a cidade de Jericó, na qual estavam.

Saindo da cidade, Jesus e seus discípulos são seguidos por uma grande multidão. Com certeza fortes rumores tinham se espalhados por Jericó sobre aquele homem. Afinal, ele se encaixava no perfil do messias que havia sido prometido, além do mais estava a caminho de Jerusalém.

Ali por aquele caminho, sentado esperando por esmolas estava Bartimeu, um homem cego. Algo importante de sabermos é que os judeus religiosos eram obrigados a dar esmolas, já que estava na Lei deles (Antigo Testamento).

A pessoa com deficiência na época, não podendo trabalhar, contava com as esmolas para sua sobrevivência. Então ficavam sentadas a beira dos caminhos, nas portas de entrada da cidade, esperando a passagem de pessoas que lhes ajudasse.

Eles esperavam apenas esmolas, afinal esse era o máximo que era feito pelos deficientes e enfermos, esse era o costume, a Lei. No entanto, Bartimeu já conhecia a fama daquele Jesus que se aproximava dali.

Sabendo que era aquele Jesus que se aproximava o homem começa a gritar clamando pela ajuda dele “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! "  

 Chamar Jesus de Filho de Davi é confessar publicamente que ela era sim o Cristo, o Messias que Deus tinha prometido, o Filho de Davi que veio para salvar. Salvar o ser humano dessa selva corrompida pelo pecado. Bartimeu ao chamar Jesus de Filho de Davi está confessando crer que ele era o verdadeiro Messias.

As pessoas ao redor daquele homem, cego, que estava ali de escanteio, mandam ele se calar, tentam parar o clamor de Bartimeu. Afinal o que mais um cego poderia querer além de esmolas?

Percebam, a vida dele era ficar pelos cantos esperando as esmolas, falar, gritar, clamar por ajuda em alta voz não era algo bem visto. Os deficientes eram de fato excluídos do contexto social da época, da vida cotidiana. O que ele podia fazer era ficar esperando que alguém lhe desse esmolas para viver.

Mas o Bartimeu não, ele gritou, gritou pedindo ajuda para a pessoa que lhe escutou. Mandaram ele calar, com isso, ele gritou ainda mais alto “JESUS FILHO DE DAVI TEM MISERICÓRIDA DE MIM”.

O clamor daquele homem chegou ao ouvido de Jesus e aqui está algo que precisamos aprender, na maioria das vezes nós somos aqueles que falam para a pessoa que está sofrendo se calar, para o deficiente: pare de chamar a atenção; para aquele que não se encaixa nos nossos padrões: cale-se. Somos como aquele povo que disse a Bartimeu: cale-se!

Mas eles não conseguiram calá-lo, a voz dele chegou ao mestre e ele diz: chamem ele!

Bartimeu em um pulo de alegria e euforia fica de pé e vai a Jesus. E chegamos a mais um aspecto curioso dessa história, Jesus não nos ensina apenas a dar ouvido aquele que sofre, ao marginalizado e excluído, mas ele também ensina como fazer isso.

Quando Bartimeu se aproxima pedindo misericórdia, Jesus já sabe qual é a necessidade dele, ele conhece o desejo do coração daquele homem, mesmo assim Jesus faz uma pergunta:

 "O que você quer que eu lhe faça?"

Logo de cara essa pergunta parece estranha, pois podemos pensar: é óbvio que ele queria a cura, que ele queria enxergar, então por que Jesus pergunta o que queres que eu lhe faça?

Jesus aqui nos ensina algo: nós em nossa arrogância achamos saber o que o outro precisa. Com toda nossa ignorância, quando resolvemos estender a mão a alguém vamos já enfiando o remédio goela baixo sem nem mesmo saber o que a pessoa precisa. Isso é o mesmo que dar um remédio pra dor a alguém que quebrou a perna, ou está ardendo em febre. O remédio pode até amenizar o sofrimento, mas não vai resolver o problema.

Ao perguntar a Bartimeu o que ele precisa, Jesus está dando aquele homem dignidade, Jesus está ouvindo a necessidade dele. Isso muitas vezes nos falta como cristãos e como comunidade, vamos falando o que as pessoas precisam sem ao menos perguntar a elas. Marcamos coisas e montamos atividades sem ao menos escutar a necessidade do outro, isso é arrogância nossa.

Os deficientes não eram ouvidos na época de Jesus, eles eram excluídos da sociedade e muitas vezes até mesmo da família. Jesus ao chamar Bartimeu mostra para as pessoas que o desejo de Deus para a vida daquele homem era de uma vida digna e plena.

Jesus da ao homem vida digna, devolvendo a ele a visão e afirmando a fé verdadeira de Bartimeu. E esse homem se torna então um seguidor de Jesus, um discípulo.

Em meio a selva que vivemos, a um mundo que atropela pessoas, destrói lares e seres humano, o Evangelho vem nos ensinar que esse não é o plano de Deus, que Jesus nos resgata da selva, do mundo corrompido pelo pecado.

Bartimeu com fé verdadeira foi resgatado por Jesus. E você ainda precisa ser salvo da selva do pecado? Você tem sido instrumento da selva, tentando calar o clamor daquele que busca vida digna, ou tem sido instrumento de Deus levando pessoas ao encontro com Jesus?