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Somente em Cristo

Por que é necessário que de tempos em tempos sejamos ensinados sobre a base de nossa fé? Por que precisamos ouvir o que é básico sempre de novo e de novo, já que deveria ser óbvio para nós?

Primeiramente, porque somos pecadores. Sendo pecadores, todos os dias somos tentados a nos desviar daquilo que é óbvio, tentados a esquecer o que é primordial em nossa fé. Somos enganados por nosso próprio ser e precisamos olhar para as Escrituras e permitir que ela transforme esse nosso ser. Mas também por vivermos num mundo corrompido pelo pecado, que nos oferece com frequência todo o tipo de ensinamento e vivência que são contrárias as Escrituras, contrárias a vontade de Deus e se não estamos muito bem firmados em nossa fé, se não temos essa base bem sólida, então tendemos a cair nessas vãs doutrinas.

Hoje vamos relembrar mais um dos “Somente” que a Reforma trouxe, o “Somente em Cristo”. Na época, Lutero e seus companheiros precisaram escrever e discutir sobre a centralidade de Cristo na vida do cristão por diversos motivos, mas o principal dele é que na verdade o povo se desviara dessa centralidade, colocando outros como mediadores entre Deus e homens. Colocando santos e ritos como aqueles que levam nossas orações e petições a Deus.

Nosso exercício como cristão é ler o nosso tempo, ser sábio em relação ao que ocorre em nosso redor, conseguindo perceber o que o nosso tempo tem falhado em relação a fé, assim como os reformadores fizeram em seu tempo.

Leitura: Colossenses 2:6-15

“Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude. Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Colossenses 2:6-15

Aquilo que vocês receberam, deve ser aquilo que os sustenta (versículo 6 e 7). Paulo teme que a igreja de Colosso se desvie daquilo que era no princípio, se desvie do que é essencial na fé cristã, se desvie de Cristo. Por isso, ele apela para que se firmem naquilo que receberam, não naquilo que fazem ou naquilo que podem fazer com suas próprias forças, mas no que receberam por graça que é Cristo Jesus.

Assim como receberam, continuem a viver nele, sendo enraizados, edificados e firmados. O uso desses verbos mostra essa preocupação de Paulo em relação a fé daquela igreja, a preocupação é que quando algo não está bem firmado ou bem enraizado, ele se torna extremamente frágil.

Para exemplificar isso, relato um fato de minha vida: quando criança nós tínhamos um passadia das crianças da comunidade no dia 12 de outubro na chácara da minha tia. Ao retornar pra casa no fim da tarde, eu e meu irmão de bicicleta e meus pais de moto, fomos surpreendidos por um forte temporal. Eu e meu irmão sem muita noção do perigo, fomos buscar refúgio debaixo de um pé de manga, pois os pingos da chuva com o vento estavam doendo na pele. Aquilo durou talvez um minuto. Quando chegamos em casa, vimos dois enormes pés de manga no chão. Nós nos escondemos debaixo de um enorme pé de manga, porque visivelmente ele nos passava a ideia de proteção. Quando chegamos em casa, no entanto, vimos que os pés de manga têm raízes muito frágeis e superficiais e que estar debaixo daquele pé de manga era um grande perigo.

Paulo está dizendo aos Colossenses não sejam como pés de manga, com raízes fracas na fé e superficiais, pois essas estão sujeitas a cederem nos temporais, e não dão a devida sustentação que deveriam dar.

Um exemplo para nós sobre ter raízes superficiais na fé: Quando afirmamos que Cristo é o centro da fé cristã e que cremos nessa centralidade, afirmamos que ele comanda todas as áreas de nossa vida, mesmo em meio as piores situações que passarmos, a nossa fé permanecerá nos segurando.

“Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo”. Colossenses 2:8

No período da Reforma muitas filosofias vãs foram confrontadas pelos reformadores. Como a de orar a santos para que esses intercedessem a Deus, pagar indulgencias, comprando um lugar no céu e daí por diante. Para nós, cabe perguntar: quais são as vãs filosofias quem rondam nossa fé hoje, tirando Cristo do centro e nos colocando outras possibilidades? Conseguimos fazer essa leitura?

Vamos a algumas delas: 

- A filosofia da autossuficiência: você se basta, você sozinho consegue, você precisa amar a si mesmo, sem se importar com o que os outros pensam, o centro da sua vida, das suas decisões e pensamentos é você. Essa é uma clara filosofia do nosso tempo, que tem nos cercado por todos os lados e nos convencido de que precisamos olhar apenas para nós mesmos, que dentro de nós há bondade, há cura, que se pensarmos positivo vamos conseguir conquistar tudo.

Essa filosofia remove o Somente em Cristo e substitui pelo “Somente eu”. Nos convencendo de que só precisamos de Cristo naquilo que nos convém. Usamos a fé para satisfazer nossos desejos, mas quando a fé exige sacrifício, sofrimento, carregar a cruz, aí nós não queremos, afinal de contas, o meu Deus sou eu e se não me agrada eu não faço.

Essa filosofia tem se tornado tão forte, mas tão forte, que tem desestabilizado o corpo de Cristo. Um exemplo bem claro disso é o servir na comunidade. Como nós temos dificuldade de achar pessoas que sirvam naquilo que elas não gostam. Se a pessoa gosta ela até ajuda, mas se precisa de sacrifício, então não, e cada vez menos nós temos pessoas dedicadas nas comunidades.

Todos querem ser servidos, agradados. O que se espera de uma igreja? Que ela me agrade, que ela me satisfaça, que ela cumpra com minhas vontades e sonhos. Que triste pensar que essas filosofias vãs estão adentrando a vida dos crentes sem que eles percebam e ainda por cima, fazendo com que eles critiquem e machuquem aqueles que estão tentando servir com amor.

O conselho de Paulo cabe muito a nós hoje! Somente Cristo! Se Cristo é o centro da minha vida e existência, então eu vivo para ele e não para mim, eu faço a vontade dele e não minha.

Outra doutrina vã: “O ser humano é bom” - muitos tem crido nessa vã filosofia, nessa grande mentira e ilusão e até sem perceber. É aquela ideia de que o ser humano nasce bom, o que o corrompe é o meio, é a sociedade. As crianças nascem boas sem pecado, o que as corrompe é o meio em que vivem.

Estas são armadilhas do nosso tempo. Armadilhas que tem feito muitos de nós cairmos, nos tornando idólatras, pois adoramos mais a nós mesmos do que a Jesus.

“Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude”. Colossenses 2:9,10

A plenitude da divindade está em Cristo, ou seja, tudo aquilo que Deus é como essência, está também em Jesus o seu Filho, sendo assim, como Deus perfeito e sem maldade, o seu sacrifício na cruz nos convida a ser parte da salvação.

Nós não somos plenos, não somos completos, pois o pecado nos separou daquele que é pleno, causou essa divisão. No entanto, aqueles que creem, aqueles que entregam suas vidas a Jesus participam dessa plenitude, participam da salvação.

“Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”. Cl 2.11-12

Somente Cristo tem o poder e a autoridade de remover de nós aquilo que nos impede de chegar a Deus, que nos impede de ouvir a voz de Deus, que nos impede de nos relacionar com o criador.

“É o despojar do corpo da carne” - No Antigo Testamento a marca visível daquele que era povo de Deus era a circuncisão. Todos os homens pertencentes ao povo de Deus eram circuncidados, ou seja, tinham seu prepúcio cortado ainda quando crianças. Esse era um sinal físico. A partir de Jesus o sinal visível desse pertencimento, dessa identidade de povo de Deus é o batismo, mas muito mais do que um ato físico visível o pertencer a Cristo envolve uma marca em nosso ser que nós não vemos mas é operada por Deus em nós, a libertação do pecado. Assim, Cristo se torna aquele que comanda a minha vida, eliminando o poder do pecado sobre mim, eu continuo errando, mas não vivo mais separada desse Deus.

A cruz é a vitória sobre qualquer autoridade desse mundo, é a vitória sobre qualquer poder que possamos conhecer. Na cruz, no sofrimento de Jesus, na morte do Filho de Deus está decretado a vitória.

Não precisamos esperar que ser cristão é ter uma vida de benção, prosperidade, riquezas e felicidades terrenas, a cruz não se trata disso. Ser Cristão e viver o "Somente em Cristo" fielmente é viver uma fé que serve, que se rende, que se entrega, que se humilha para amar, que quebra o orgulho pra perdoar, que abre mão de riquezas pelo Reino, que deixa suas vontades de lado para atender o próximo, e que é extremamente grato e contente com tudo isso, afinal, a graça de Jesus basta! A fé o mantém firme e o amor de Jesus preenche qualquer necessidade do seu coração.

"Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim". Gálatas 2:20

Não sou eu quem vivo, não se trata de mim, se trata de Jesus!

Não é para que minha vontade seja feita, mas para que o Reino de Deus seja anunciado!

Não é para alcançar benefícios, é simplesmente porque fora daqui a vida não tem sentido nenhum!

Não é porque me convenceram disso, é porque amo grandemente a Jesus e esse amor é tão maravilhoso, que vivo para que outros possam conhecê-lo!

 Perguntas para a edificação:

  1. O que Deus te inquietou nessa pregação em relação a sua vivência de fé?
  2. O que você deseja fazer com isso?