Compartilhe!!!


Somente a Fé

Se eu perguntasse a vocês qual a maior diferença entre o cristianismo e outras religiões? O que vocês responderiam? Existe uma diferença básica que todas as outras religiões não possuem e que, talvez, seja a nossa maior dificuldade de compreender na fé cristã.

Essa diferença é a graça! O cristianismo é a única religião em que o ser humano não vai até Deus, mas é Deus que vem de encontro ao ser humano. O fato de fazermos algo ou não, não muda nada nessa ação salvadora de Deus. A única coisa que nos cabe é crer, é a fé.

A reposta que Deus espera de nós é a Fé. E isso é resposta e não ação. E essa fé nem mesmo é obra minha pois quem gera ela em meu coração é o próprio Espírito Santo, não é capacidade minha, nem esforço meu, muito menos glória minha, é pura ação de Deus.

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé". Romanos 1:16,17

O que é o Evangelho? Essa palavra é uma palavra não traduzida na Bíblia, se a traduzirmos ela seria escrita como “boa-notícia”. A palavra Evangelho significa a boa-notícia de Deus para nós, notícia de que enviou seu filho ao mundo (sem que tivéssemos feito nada para isso) esse filho viveu entre nós (para que o conhecêssemos e conhecêssemos o Pai) e ainda morreu na cruz por nós para perdão dos nossos pecados (sem que nós merecêssemos esse sacrifício) e ao terceiro dia ressuscitou, abrindo o caminho para a vida eterna.

Quem fez tudo? Deus! O que nós fizemos para que ele viesse? Nada! Nossas boas ações, nossas orações, nosso clamor, nossa justiça não interferem no plano salvífico de Deus. E sempre que cairmos na tentação de achar que fazemos qualquer coisa para obter salvação, então devemos pedir perdão a Deus, porque pecamos, pois não há nenhuma glória para mim ou para você quando assunto é salvação.

Isso parece óbvio quando eu digo, né? Mas na prática não é nada óbvio!

Paulo escreve que o Evangelho é o poder de Deus. Olha que sensacional isso! Ali na cruz se manifesta todo o poder daquele que criou o mundo e tudo, absolutamente tudo o que nele existe. Pois no Evangelho é revelada a justiça de Deus!

Não nos deve passar despercebido o grande acontecimento que foi a cruz, tanto para a criação quanto para o próprio criador. Nós vivemos no tempo em que muito se prega um Deus de amor, em que o amor tomou o próprio lugar de Jesus, fazendo com que o mundo se esqueça que Deus é amor mas, também, é justiça. E foi por ser justo que Jesus morreu, o amor de Deus por nós não poderia nos deixar perecer, morrer eternamente separados dele e sua justiça não poderia simplesmente ignorar o pecado que nos separou.

Por isso, alguém precisava pagar, o crime não poderia ser apenas esquecido, afinal isso não é justiça.

Exemplo: Pensem na pessoa que você mais ama nessa vida... Agora pensem que ela foi morta, assassinada brutalmente...  O assassino é levado diante do tribunal, ele está verdadeiramente arrependido pelo que fez e fala isso ao juiz. Seria justo o juiz deixá-lo ir sem cumprir a pena pelo crime? Seria justo que fosse liberto sem arcar com as consequências dos seus atos, mesmo arrependido? Não! Não seria justiça.

É aí que entra Jesus. Nós somos esse assassino, o Espírito Santo gera o verdadeiro arrependimento em nosso coração, o problema é que a sentença para o pecado é a morte, então alguém precisa morrer. Jesus entra em cena então, chegando diante do juiz e dizendo: ‘eu vou no lugar dele e pago a sentença por ele, afinal ele está arrependido’. É assim que recebemos o presente da graça, do perdão dos pecados e da reconciliação com Deus.

O que nós fazemos nessa história? Apenas cremos! Temos fé! Mas o que de fato é fé? Fé é um sentimento? Uma sensação que tenho dentro de mim? A fé vem da minha experiência com Deus? Ou eu sei que tenho fé porque tenho um dom do Espírito Santo? Como saber como definir fé?

O melhor texto para compreendermos isso é o de Hebreus:

“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Hebreus 11:1

Fé é certeza e convicção. Ter fé é ter certeza daquilo que estou falando, vivendo e aguardando. Alguém que possui uma fé genuína e verdadeira em algo, segue aquilo sem olhar para trás, sem medo, sem achismos, mas com toda a segurança.

Ter fé em Jesus, significa ter certeza daquilo que ele fez por mim na cruz, certeza do seu amor, certeza da vida eterna. Mesmo que eu não sinta nada, mesmo que eu não veja a manifestação da sua glória, mesmo que eu não fale em línguas ou consiga orar por horas, mesmo que parece algo que está demorando a chegar, fé é certeza e convicção. Afinal, se Deus falou está falado eu não preciso me preocupar com tempos e datas, ele prometeu, eu só preciso crer.

Veja como entender isso muda nossa relação com Deus. Na compreensão de muitos a fé depende daquilo que estou experimentando de Deus, daquilo que eu vivencio. Como por exemplo os dons do Espírito, para alguns se não há manifestação de um dom bem claramente como o dom de línguas é porque não há fé. Ou ainda, para outros, a fé depende daquilo que eu demonstro, se eu estou agindo conforme os padrões éticos e morais que as pessoas entendem que é correto. Digamos assim, quanto menos eu peco mais fé eu tenho. Nessa perspectiva, se eu sou uma pessoa que, não fala palavrão, que usa roupas comportadas, que vou ao culto todo domingo, que tenho uma família certinha, então sou exemplo de fé...

Quando na verdade eu posso ser tudo isso e não ter fé nenhuma. Eu posso ser um belo religioso, mas não crer em Jesus. Então, fé não é aquilo que eu faço, o que eu faço pode revelar minha fé, mas também pode ser apenas uma máscara.

Por que falar sobre isso? Porque nós precisamos entender que aquilo que nós fazemos não nos leva até Deus. A fé cristã não funciona como uma escada, que a cada dia eu subo um degrau para chegar mais perto de Deus, não, ele é quem veio até mim, alcançou a lama em que eu me meti e me tirou de lá.

De forma muito sorrateira nós somos tentados a crer em outros ensinos dia após dia. Crer que nossas ações definem se somos salvos ou não, veja bem, as nossas boas ações nos permitem experimentar o agir de Deus ao nosso redor e de testemunhar aquilo que ele fez por nós, isso tem a ver com nosso processo de santificação, não de salvação.

Crer em Jesus não é isso! A salvação que vem pela fé não depende de mim, depende unicamente de Deus, mas ela gera em mim uma transformação gradual, radical e profunda. A partir do momento que creio passo a viver com ele, afinal, ele me convida a segui-lo, tomar minha cruz e seguir.

Sendo assim, fé também é sacrifício, abnegação, é cruz, é certeza e convicção que me faz direcionar tudo aquilo que penso, que planejo, que vivo e que buco para servir aquele em quem creio.

Isso é o resultado da fé, é consequência da salvação, o problema é quando fazemos isso para alcançar salvação, pois  achamos que temos o poder de agradar a Deus e mover sua ação em nosso favor.

Deus não age de acordo com nossas obras, ele age de acordo com sua vontade e misericórdia. Nós clamamos a Ele por sua presença e misericórdia, mas se ele irá nos atender ou não isso é vontade dele!

Pego um recorte de Lutero agora, em que ele fala sobre essa fé:


“Há algo muito vivo, atuante, efetivo e poderoso na fé, a ponto de não ser possível que ela cesse de praticar o bem. Ela também não pergunta se há boas obras para fazer, e sim, antes que surja a pergunta, ela já realizou e sempre está a realizar. Quem, porém, não realiza tais obras é pessoa sem fé, que anda às investigando à procura de fé e boas obras e nem sabe o que é fé nem obras, e ainda fica falando muito e conversando fiado sobre as mesmas. Fé é uma confiança viva e inabalável na graça de Deus, tão certa de si que ela não se importaria em morrer mil vezes... Por isso, sem coação, ela se dispõe voluntariamente a fazer o bem a todo mundo, a servir a todo mundo, sofrer tudo, por amor e em louvor a Deus que lhe demonstrou tamanha graça, de sorte que é impossível separar as obras da fé, como é impossível separar a luz do fogo.” Martinho Lutero, OS 8, 132-133

 

Para entendermos isso de forma visual e prática a ordem é a seguinte: Graça – Salvação – Obras e não Obras – Graça – Salvação, a grande diferença entre ambas é de quem é a glória e de quem é a ação inicial. A fé é ação de Deus, não minha, por minha ação jamais chegarei a Deus, jamais serei salvo, eu não agrado a Deus com minha força e competência. Mas a graça e amor dele me alcançam e só então eu me torno filho amado do Pai, que passa a servi-lo.

E com isso meus queridos, a partir dessa salvação imerecida, dessa graça que eu não consigo nem explicar, é que então eu viverei uma vida para o Reino de Deus. Uma vida entregue para servir e amar o meu próximo, pois compreendi que o amor que me salvou deve chegar também ao meu próximo.

Minhas obras não me levam a Deus, elas apenas mostram o Deus que habita em mim!

Você consegue olhar sinceramente para o seu coração e responder através daquilo que você vive e de quem você verdadeiramente é: que Deus habita em você?

Se Jesus é teu Senhor, se tua vida pertence a Ele então será visível àqueles ao teu redor que ele habita em você, que ele comanda seus passos e ações, que ele é o centro, e que tudo está diante Dele.

 “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. 1 João 5:4

Essa é a vitória que vence o mundo, a nossa fé! A fé naquele que até a morte venceu. Se somos nascidos de Deus, nascidos em Cristo Jesus, então temos essa vitória.

 

Perguntas para a edificação:

O que mais me chamou atenção nessa palavra?

E como Deus me chama a aplicar ela em minha vida?