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Ser cristão é: Estar...

Esse mês vamos voltar as bases da fé e repensar o que significa, o que implica, o que muda, ser um cristão? Para muitos de nós falar que é cristão, ou se compreender como um cristão já é um hábito, ou seja, já faz parte de nós por um tempo e, por isso, já é comum.

Além do mais, o contexto gospel, que vivemos tem facilitado o conceito de ser cristão ensinando que basta cumprir alguns requisitos (ir à igreja, fazer boas ações, consumir produtos ‘cristãos’, ser abençoado e daí por diante). Além disso, temos aqueles que seguem uma filosofia de que cada um pode viver a fé do seu jeito, não precisam da igreja, nem de outras pessoas, o que facilita muito. Ainda tem aqueles que brincam com a fé, como se fosse algo que se pode deixar de lado e, de vez em quando, pegar de novo.  

O problema de tudo isso, é que do início ao fim, essa forma de pensar e viver não é bíblico, isso não é ser cristão. Isso é ser religioso! E nós vivemos num país extremamente religioso, isso tem confundido os cristãos, sabe por quê? Por não conhecerem a Deus, não conhecerem a Jesus, por não terem intimidade com Deus são facilmente levados com toda sorte de doutrina.

Recapitulando: Então o que é ser um cristão?

  • Primeiramente ser cristão é estar com Cristo! Um cristão é aquele que conhece a Cristo e tem sua vida completamente direcionada e entregue diante dele. É alguém que está junto a Jesus todos os dias, ouve sua voz, o conhece, faz sua vontade!

Vamos compreender o que significa estar com ele e conhecê-lo a partir de um trecho da parábola de Lucas 15. 11-32 (se você não a conhece pode ler ela no fim dessa postagem).

Essa parábola é muito conhecida como “parábola do filho pródigo” ou “do filho perdido”, no entanto, essa não é uma boa definição desse texto. O personagem central aqui não é o filho mais novo e sim o pai, “o pai e seus dois filhos” seria um nome bem melhor para ela.

Na parábola o filho mais novo pede a herança ao pai. Uma herança que ele não possui direito de pedir, afinal, o pai ainda estava ali, mas ele o faz e o pai sem hesitar atende o pedido. Um tempo depois, com sua herança o filho sai de casa e vive uma vida boa gastando os bens adquiridos.

Os recursos, no entanto, acabam e ele fica sem trabalho, sem dinheiro e sem pessoas que o possam ajudar. É nesse momento, no fundo do poço que ele lembra que na casa de seu pai até os funcionários eram tratados com muito mais dignidade do que o que ele estava vivendo, comendo lavagem de porcos.

Ele cai em si e volta para casa. Arrependido pede perdão ao pai e pede que o aceite de volta como um funcionário, para sua surpresa o pai o acolhe de braços abertos, o chama de filho e faz uma grande festa para comemorar o retorno do filho.

Então chega o irmão mais velho, aquele que sempre esteve dentro de casa, que não abandonou o posto de trabalhar para o pai. Ao chegar em casa e ver a festa, o filho mais velho pergunta aos empregados o que estava acontecendo e estes prontamente lhe falam que seu irmão mais novo voltou e o pai o recebeu com honra e grande festa. Sabendo disso o filho se enche de ira e recusa participar da festa. Nesse momento o pai, assim como correu ao encontro do seu caçula para encontrá-lo em seu retorno, sai da festa para ir ao encontro do seu filho mais velho.

Vejam bem, por mais que essa parábola nos ensine muito acerca de Deus e seu agir, sobre como nós somos, hoje vamos focar apenas no filho mais velho em sua conversa com o pai.  

Quando o pai tenta convencer o filho a fazer parte da festa e se alegrar com a volta do irmão ele responde ao pai: “Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!” Lucas 15:29,30

O filho reclama não simplesmente pelo mais novo ter voltado, mas pela forma com que foi recebido pelo pai. Talvez, pensara que o pai deveria tê-lo recebido como servo, assim como também pensara o filho mais novo enquanto voltava. Mas acolher como filho? Dar uma festa? Sendo que ele estando em casa nunca teve isso? É um absurdo!

Ao que o pai responde: "Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu.” Lucas 15:31

Nessa frase do pai nós temos algo que fala muito a respeito do filho mais velho e do quanto ele conhecia esse pai. Como o filho mais novo já havia retirado sua herança, tudo o que sobrara era do mais velho, no entanto, ao reclamar ao pai nós percebemos o grande abismo que havia entre esse filho e seu pai. Ele não sabia que poderia dar uma festa aos seus amigos e reclama de não poder usufruir do que possuíam, ao que o pai responde: mas como não, se tudo aqui é seu?

O filho mais novo não conhecia seu pai o suficiente para saber que ele iria acolhê-lo de braços abertos e chamá-lo de filho. E o mais velho, não conhecia o pai o suficiente para saber o quanto ele amava seus filhos e que tudo bem ele se alegrar com seus amigos em uma festa.

O filho mais velho não conversava isso com seu pai, ele não havia nem ao menos pedido isso ao pai antes. Como sabemos disso? Pela resposta do pai: tudo o que eu tenho é seu, você está aqui sempre!

O filho mais velho trabalhava com o pai, cumpria tarefas para o pai, mas ele não conhecia o pai de perto. Ele não sabia o quanto seu pai era amoroso, o quanto era acolhedor. Nessa conversa percebemos que o filho mais velho não ia até o pai, não lhe falava o que estava em seu coração. Ele estava em casa, mas não tinha intimidade com o pai.

Essa parábola não tem o foco no filho mais novo e sim no pai. O pai aqui representa Deus, seu imenso amor, sua graça, seu cuidado para cada um de seus filhos. O filho mais novo representa aqueles que já estiveram na presença do pai, que conhecem como é estar com pai, mas que escolheram se afastar, ir para longe do pai e viver a própria sorte. O filho mais velho representa aqueles que conhecem o pai, que estão em sua casa, que servem ao pai com o que lhe compete, mas que na verdade, não tem intimidade com o pai, cumprem tarefas para o pai, mas não estão na presença dele.

Infelizmente, essa é uma boa parcela dos cristãos!

Quantas vezes nós fazemos boas ações, vamos a um culto, uma célula, e com isso achamos estar tudo certo? Muitos tem vivido uma fé cristã que não conhece o Pai e muito menos o filho, que não conhece a Cristo.

Uma fé distante de Deus, e que ainda em suas poucas conversas com Deus reclama do que não está dando certo, que não está sendo como o esperado ou ainda, apresenta uma lista de pedidos a Deus, agindo como se relacionar-se com Deus fosse apenas isso. Como um filho ingrato que só busca o pai quando precisa de algo.

Essa nunca foi a relação que Deus desejou ter com seus filhos, com aqueles que ele chama. Jesus tinha intimidade com seus discípulos, eles conviviam em todos os momentos, eles conversavam sobre o que fazer e como fazer, Jesus lhes falava sobre como era o pai.

Isso é ser um cristão. Estar na presença de Deus e conhecê-lo. Conhecer seus atributos, sua forma de agir. Estar na presença de Deus não é fazer atividades na igreja para ele. Quantos acham que se fizerem um monte de tarefas na igreja estarão mais pertos de Deus ou serão considerados mais santos?

Estar com Deus é ter intimidade com ele, conversar com ele em oração, aprender a ouvir o que ele tem a dizer através das escrituras, de uma pregação, de um hino ou das circunstâncias ao redor. Estar com Deus é ouvir dele o que tem a dizer,  isso nós fazemos através da leitura sincera e entregue da Palavra, através do silêncio, de estar atento e de coração quebrantado.

Nós temos o costume de fugir disso, fugir da oração como uma conversa a Deus. Pouco oramos e quando oramos, apenas falamos o que desejamos, sem silenciar para ouvir, sem clamar pela vontade e agir de Deus.

Se você tem dificuldade em estar na presença de Deus primeiramente deixe de fugir, de colocar outras atividades a frente do seu tempo devocional (leitura bíblica e oração). Deixe de arranjar atividades para substituir o vazio que está aí dentro.

O mundo por não estar com Deus busca preencher o vazio com qualquer outra coisa: trabalho, dinheiro, festas, bebedeiras, relacionamentos, drogas. Os cristãos, no entanto, fazem isso de forma mais discreta e escondida, escondendo e fingindo esse abismo com muitas boas ações, com uma vida certinha externamente, com regrinhas que cumprem, com desculpas e fugas. Mas muitas vezes, o vazio continua lá dentro, pois assim como o filho mais velho, eles reconhecem a Deus como Pai, mas não o conhecem de perto, não sabem que Deus é esse, não tem intimidade com Deus, não conversam com ele.

Vamos parar de fugir e ser cristãos apenas externamente. Se você não está com Deus, se você não o conhece, como pode dizer que pertence a Ele? Como pode dizer-se cristão?

Ser cristão é muito mais do que temos ouvido por ai, vá até as Escrituras, que você compreenderá a cada dia mais o que é ser um discípulo de Cristo e como é maravilhoso estar na presença desse Pai, desfrutando seu amor incondicional.

Se você tem buscado isso e está com dificuldades procure alguém que já conhece o Pai e que tem intimidade com ele, busque ajuda, converse sobre isso com quem tem uma caminhada de fé. Procure um mentor na fé, um discipulador, ore com alguém sobre isso. Experimentar esse relacionamento é algo maravilhoso, Jesus está te chamando pra esse relacionamento, ele está batendo a porta do seu coração!

“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono. Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Apocalipse 3:20-22

 

 

Texto de referência:

Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. "Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.

Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos. Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. "Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’.

A seguir, levantou-se e foi para seu pai. "Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou. "O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’. "Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar. "Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança. Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo.

Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’. "O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele.

Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’ "Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ ". Lucas 15:11-32