O caminho da cruz 

Vida Eterna

"Depois do sábado, tendo começado o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.  E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela. Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. Os guardas tremeram de medo e ficaram como mortos. O anjo disse às mulheres: "Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia". Mateus 28.1-6

Naquela manhã as primeiras a irem ao sepulcro foram as mulheres. Elas foram lá para cumprir os rituais e costumes cuidando do corpo de Jesus. Imagine enquanto elas iam com panos e especiarias em suas mãos, o quse se perguntavam em suas mentes, o que fariam quando chegassem lá, como iriam tirar aquela pedra do caminho, elas não tinham força para isso.

Elas simplesmente foram, pois tinham essa necessidade em seus corações, de dar um cuidado digno ao corpo daquele que foi o mestre delas, que havia feito milagres na vida delas. Com certeza, o coração delas estava cheio de tristeza, mas elas caminham mesmo assim, talvez na mente delas passavam-se cenas da crucificação de Jesus, cenas dos encontros e conversas delas com Jesus.

Quando chegaram lá a primeira surpresa foi que o túmulo estava aberto, a primeira dificuldade que elas acharam que iam enfrentar não existia mais. Mas ao entrar no túmulo, elas não acham o corpo, os lençóis ainda manchados de sangue estão lá, mas o corpo não mais.

Nesse momento elas são avisadas que o mestre não estava morto, que ele ressuscitou. Ainda é muita informação para elas, elas ainda nem tinham conseguido entender a morte de Jesus e agora recebem a notícia de que ele está vivo?

Saindo dali elas encontram o próprio Jesus que falou com elas. Elas viram o seu Senhor vivo, elas se prostam e adoram. Elas adoram maravilhadas! Jesus, então, as envia a anunciar essa boa-notícia aos discípulos. Aqueles discípulos que estavam escondidos, como medo e desesperados.

Olha só que interessante, naquela época o testemunho de uma mulher não tinha a mesma validade que o testemunho de um homem, então por que será que as mulheres são as primeiras na história que pregam o Evangelho?

A palavra Evangelho se traduz por boa-notícia, a boa-notícia que elas deveriam dar aos discípulos é de que Jesus vive e ressuscitou.  Deus escolhe mulheres para serem as primeiras a conhecer o Evangelho e a pregá-lo, justo aquelas que eram dadas como inferiores.

Elas saem dali, de um encontro com o salvador e vão correndo contar aos discípulos o que tinham visto, elas vão contar a boa-notícia, e como os discípulos reagem?

“Mas eles não acreditaram nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura”. Lucas 24:11

Lembram como eles estavam naquela sexta? Perdidos e desesperados, sem entender o que havia acontecido? Eles continuavam assim, estavam tão sem esperança que não creem na boa-notícia. Por  mais que Jesus tinha lhes falado que isso aconteceria, por mais que eles conhecessem as profecias, seus corações estavam endurecidos pelo medo.

Sabendo que eles não creram, que duvidaram das mulheres, que não estavam entendendo nada, Jesus os encontra. Ele encontra Pedro, encontra os dois discípulos no caminho de Emaús, naquele caminho para Emaús Jesus diz aqueles dois discípulos:

“Ele lhes disse: "Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?" Lucas 24:25,26

Como eles custaram a crer. O próprio Jesus ressurreto caminhou com eles, mas a sua tristeza e a dureza do coração não lhes permitiu ver quem estava ao lado deles.

Não é assim que nós somos também? Com a nossa incredulidade? Quantas vezes nosso coração está tão duro e tão fechado em si mesmo que Deus fala conosco, nos avisa, nos dá sinais, manda pessoas para nos falar, e nós negamos tudo?

Nós somos como eles, difíceis de entender a voz de Deus, teimosos, duros de coração. Que bom que a graça e a misericórdia de Deus são maiores que nossa teimosia, amargura e dureza. Glórias a Deus por isso.

Depois de aparecer a alguns, Jesus os encontra, todos reunidos.

Leitura: Lucas 24.36-49

Os discípulos estavam reunidos em uma casa ainda em Jerusalém, depois de ouvirem a história dos dois discípulos de Emaús, o próprio Jesus chega na casa e lhes deseja a paz.A reação deles é de medo, ficam assustados. Até pensam estar vendo um espírito.

Jesus repreende a falta de fé deles. A pergunta de Jesus é: “por que vocês estão perturbados e por que se levantam dúvidas no coração de vocês?”.

Quantas vezes em nossa vida Jesus faz essa pergunta para nós. Quantas vezes em meio a situações que nós nos vemos sós, Jesus está ao nosso lado dizendo por que você está perturbado? Quantas vezes nos distanciamos de Deus, ouvindo mais os conselhos do mundo, andando por caminhos que nos afastam de Jesus e colocam dúvidas em nosso coração. E Jesus está ali dizendo: por que há dúvidas em seu coração?

Quando lá no nosso íntimo vem aquele medo, aquela incerteza sobre nossa fé, quando estamos começando a nos distanciar dele e já deixamos nossa Bíblia de lado e passamos a orar só quando a situação está extremamente difícil, nesses momentos, nós devemos lembrar dessa pergunta, como feita para nós: __________ por que você está perturbado, por que se levantam dúvidas em seu coração? 

Então Jesus mostra suas mãos e seu pés para aqueles ali reunidos. Ali estão os furos, as marcas da crucificação. Jesus diz olhem, vejam sou eu que estou diante de vocês, não duvidem. Não sou apenas um espírito, ou um fantasma, eu sou carne e osso.

No versículo 40 lemos: “E por não crerem ainda”

Esses são os mesmos homens que abandonaram e negaram Jesus dois dias antes. Aquele sentimento de desespero, de angústia, permaneceu com eles ainda no sábado. No domingo, ao verem o ressurreto em sua frente eles não conseguem entender a maravilha que havia acontecido. Aos poucos, aquele desespero vai indo embora, e já começa um misto de alegria e surpresa.

Mais ainda não criam, ainda não tinham compreendido a mensagem daquela cruz. Nisso, Jesus pede comida e come na presença deles para lhes provar que era real, de que verdadeiramente ele ressuscitou.

Isso aqui é algo interessante: Nós cristãos não cremos na separação de corpo e espírito. Deus nos criou como seres integrais e perfeitos, tanto carne (corpo) como o espírito. Sabendo disso, sabemos que não é possível separar um do outro, por isso ao ressuscitar, Jesus ressuscita integralmente, com seu corpo físico. Não é seu espírito que levanta do túmulo, Jesus carne, osso e espírito, um só ser é ressuscitado.

Agora pensem na reação daqueles homens enquanto Jesus sentado a mesa comia. Isso não foi algo rápido como nós lemos. Aquele tempo que Jesus ali sentou e comeu um peixe, deve ter sido aquele tempo em que os discípulos ficaram olhando perplexos para ele, sem falar nada (talvez trocando alguns olhares entre si) apenas olhando seu mestre vivo.

Enquanto o desespero, a angústia, o medo iam embora de seus corações, Jesus com toda calma estava ali comendo.

Após comer, Jesus relembra o que tinha lhes ensinado e ao Antigo Testamento que profetizara, ele diz: “Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém”. Lucas 24:46,47

Estava tudo escrito, nas passagens bíblicas que eles conheciam, os profetas já aviam avisado que assim seria, que Deus enviaria o seu amado filho para libertar a humanidade do pecado.

"Vocês são testemunhas destas coisas". Lucas 24:48

Agora sim Jesus lhes esclarece o porque daqueles três anos caminhando juntos. Nessa frase Jesus está dizendo aos discípulos qual o propósito de tudo que eles viveram juntos, de tudo que Jesus lhes ensinou, o propósito de ele ter aparecido ressurreto aos doze. Eles foram escolhidos para testemunhar.

Agora eles estavam sendo incumbidos de espalhar tudo o que viram, ouviram e viveram com Jesus. Para que o perdão e a reconciliação chegasse a todos os povos da terra. Assim como as mulheres logo cedo no domingo saíram correndo contar a boa-notícia, assim também eles deveriam contar a notícia a adiante. Começando em Jerusalém e se espalhando pelo mundo.

Isso é para nós também!

Na sexta em que Jesus morreu o sentimento dos discípulos era de peso, de culpa, de revolta, de angustia, de “o que está acontecendo?”. Um desespero e angustia profunda, pois tudo havia acabado. Mas a história não terminou assim. GLÓRIAS A DEUS POR ISSO! Que alegria saber que ali não foi o fim e por ele ter levantado daquele túmulo, nós temos a certeza de que a morte não será o fim para nós. Foi por ele ter morrido e ressuscitado que nós temos agora acesso ao Pai e nova vida.  

Todos que entregam sua vida a Ele, todos que nele creram são cheios da sua presença e viverão eternamente na presença dele.

Por isso, a Páscoa é festa para nós! Celebramos a Ceia do Senhor e ao fazermos confessamos que cremos no que ele fez por nós. Ao vivermos esse momento aqui estamos também sendo incumbidos de testemunhar adiante. Testemunhar àqueles que ainda não tiveram esse encontro, testemunhar aqueles que duvidam, testemunhar aqueles que estão se perdendo no caminho!

"Vocês são testemunhas destas coisas". Lucas 24:48