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O caminho da cruz

Ainda não entenderam?

Quantas vezes você precisou ouvir algo para entender aquilo? Quantas vezes é preciso ensinar, explicar, falar algo para alguém até que ele entenda?

Para uma criança, por exemplo, quantas vezes ela precisa ouvir que antes de dormir ela precisa escovar os dentes, para ela fazer isso sem que os pais perguntem: já escovou os dentes?

Quantas vezes um adolescente precisa ouvir: estuda para você ter uma boa profissão, até que ele comece a estudar de fato e a se dedicar a aprender? Quantas vezes um adulto precisa ouvir se cuida, procura um médico, vai num psicólogo, faz exercício físico, até ele entender que isso é essencial para a saúde e vida dele?

Por vezes, precisamos ouvir de novo e de novo, precisamos ver com os nossos próprios olhos, precisamos tocar, experimentar, passar por situações difíceis para entender e passar a viver aquilo que já sabíamos desde muito tempo. Aquilo que crescemos ouvindo.

Se é assim em áreas simples da nossa vida, que precisamos amadurecer para aprender a vivê-las, é assim também na nossa fé. Nós ouvimos muito. Ouvimos em pregações, lemos na bíblia, ouvimos pessoas ensinando, cantamos em hinos, mas viver aquilo que foi ensinado, dá para contar nos dedos aquilo que nós aplicamos em nossa vida, mesmo sendo ensinados constantemente.

Libertador é saber que Deus não desiste de nos ensinar, mostrar e chamar para fazermos à vontade Dele. Ele precisou reafirmar sua vontade também aos seus discípulos, mesmo depois deles o terem visto ressurreto.

Após a ressureição Jesus apareceu aos discípulos ainda por cerca de 40 dias. Foi basicamente o tempo que ele ficou para que os discípulos compreendessem o que havia ocorrido na cruz, a dimensão do que viria dali em diante e o que deveriam fazer a partir da notícia de salvação. Foi o tempo que foi dado a eles para que compreendessem.

Leitura: João 21. 1-14

Temos olhado os textos bíblicos da morte e ressureição de Jesus pela perspectiva dos discípulos, do que eles viveram e sentiram naqueles dias. Mesmo tendo passado por desespero, medo, surpresa, espanto e alegria de ver o Jesus ressurreto, eles ainda não estavam completamente prontos. Ainda estava confuso o que deveriam fazer e como iriam fazer.

Nesse meio tempo, enquanto alguns estavam juntos, Pedro olha para os demais e fala: “vou pescar”. A pesca era a profissão de Pedro antes de caminhar com Jesus. Era seu dia a dia e suas noites, já que passavam a noite pescando. A rotina de Pedro antes daqueles três anos com Jesus era pescar e conseguir o sustento de sua família ali.

Quando Jesus não está mais ali com eles, quando não há mais alguém o tempo todo ao lado deles lhes dizendo o que fazer, quando fazer e como fazer, ele decide voltar a pescar. Os demais vendo essa ação de Pedro o seguem, vão junto pescar. Eles voltam a fazer o que faziam antes. Jesus caminhou com eles de pertinho dando total atenção por três anos. E que três anos intensos, de ensino, repreensão, cura, libertação, de ir e vir. Mas agora era o momento de continuarem, Jesus não estaria mais ali presente fisicamente o tempo todo, era a vez deles caminharem com outras pessoas e ensiná-las a seguir os passos de Jesus.

Aqui vamos pontuar alguns aspectos importantes:

  • Nós temos uma tremenda dificuldade nessa etapa da nossa caminhada de fé, isso porque nos tornamos dependentes de pessoas, se não tivermos alguém que fique o tempo todo falando, faz isso, faz aquilo, vai por aqui, vai por ali, a gente volta a ser como antes, retrocedemos. É hora de crescer, amadurecer, deixarmos a fase de crianças dependentes e sermos adultos maduros.
  • Somos chamados a maturidade de fé. A não depender de pessoas para termos intimidade com Deus, não depender de pessoas para adorar e louvar a Deus, depender apenas e unicamente de Jesus e da certeza de que ele deu sua vida por nós.

 

Jesus sabendo de tudo aquilo, do que estava no coração dos discípulos, das dúvidas e confusões que ainda restavam em suas mentes vai ao encontro deles. Encontrá-los onde os encontrou pela primeira vez, numa pescaria frustrada.

Da mesma forma que Jesus já tinha feito na primeira vez, ele ordena que lancem as redes do outro lado. E que maravilha, a rede vem repleta de peixes. Então se dão conta de que o Senhor estava ali com eles. Nossa que maravilha rever Jesus num momento como esse. Será que tudo seria como antes? (imagine o que passou na cabeça dos discípulos).

Quando começam puxar a rede e ela vem cheia de peixes, um dos discípulos percebe que era Jesus que estava ali. Ele olha pra Pedro e fala: “É o Senhor”. Nesse momento Pedro sai do barco e vai ao encontro do Senhor na praia.

Nenhum dos discípulos tinha coragem o suficiente para perguntar a Jesus se realmente era ele, mas eles sabiam que era ele. Ninguém tinha coragem de perguntar a Jesus o que fariam, como essa história iria continuar, qual seria o próximo passo. Eles comem juntos ali, apenas isso.

Interessante que Pedro, aquele que sempre falou, que sempre perguntou e questionou também permaneceu calado nos encontros com Jesus após a ressureição. Nós não vemos relatos de Pedro conversando com Jesus desde a última Ceia. Jesus fala, mas Pedro não.

Por que não? Porque diante dos olhos de Pedro ainda estava aquele olhar que o encontrou naquela sexta quando da boca dele saíram palavras de maldição negando a Jesus. Aquelas palavras ainda pesavam em Pedro, o fizeram calar.

Aquele discípulo que sempre agia impulsivamente, sendo o primeiro a perguntar e questionar agora está calado. Jesus o chama a parte para conversar diretamente com ele. Afinal havia algo entre eles, uma distância, algo que ainda deixava Pedro longe de Jesus, perto fisicamente, mas com o coração distante.

Leitura: João 21.15-19

A pergunta é:Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes?” João 21.15

Enquanto Jesus fazia essa pergunta, três vezes, o que será que passava na mente de Pedro? Aquelas três vezes que ele negou. A vergonha de Pedro deveria estar estampada em sua cara. Então Jesus sabendo do arrependimento de Pedro pergunta se ele de fato ama o seu Senhor, o seu salvador.

Por três vezes Jesus pergunta e nas três vezes ele afirma a Jesus, sim eu te amo. E a ordem de Jesus diante desse amor é: cuide dos meus cordeiros (pastoreie o meu rebanho). Ao mesmo tempo que Jesus está restaurando Pedro, mostrando a Ele o perdão e libertação daquele peso que ele carregava ele está dando a Pedro uma missão: pastorear o rebanho.

Até essa conversa podemos imaginar um Pedro retraído, cabisbaixo, envergonhado pelo que havia feito. Pedro sabia que negar a Jesus e fugir era grave, era algo que ele estava carregando sozinho.

“Senhor tu sabes todas as coisas e sabes que eu te amo” João 21.17

Sim! Jesus sabia de todas as coisas. Sabia do que Pedro havia feito, sabia que ele fugira, sabia do choro, sabia da angústia, sabia da vergonha, sabia do arrependimento e sabia que Pedro amava a Jesus verdadeiramente, não da forma como Jesus desejava, com um amor perfeito que se entrega totalmente, mas ele amava com amor que ele conseguia, o humano que erra que falha e sempre de novo se entrega.

Aplicação:

1. Eles tiveram o seu tempo de compreender a obra de Deus. Tempo de fugir e se esconder, tempo de se reencontrarem com o Senhor, tempo de serem restaurados e perdoados. Tudo isso em cerca de 40 dias.

Quanto tempo que você tem demorado a entender o plano de Deus? A salvação na cruz? Onde Deus deseja que você sirva daqui em diante? Você é cristão, sua vida está entregue a ele? Então ore pedindo a Ele, Senhor e agora, o que o Senhor deseja que eu faça?

2. Você ainda depende de pessoas para viver sua fé? O que pessoas fazem muda seu relacionamento com Deus? Você necessita de alguém sempre te chamando para vir a igreja, ou alguém dizendo ore, leia Bíblia, ou alguém sempre te animando? Você depende de pessoas para falar com Deus?

Se sim, saiba que o chamado de Deus para cada um de nós é para a maturidade, nos tornamos adultos na fé, e não depender mais de pessoas para estarmos firmes na fé, dependermos unicamente de Jesus. Oramos porque o convite vem dele, lemos a Bíblia porque é ali que o conhecemos mais profundamente, vamos a igreja para partilhar e ser lapidado em meio a comunhão, não por pessoas, mas pelo convite do próprio Jesus.

Se você ainda precisa crescer nesse aspecto então ore por isso e com disciplina e perseverança viva a maturidade na fé.

3. Nós só sabemos do que aconteceu com Pedro quando ele negou a Jesus e nessa conversa dos dois porque com certeza o Pedro contou. Ninguém estava lá com Pedro quando ele negou Jesus, mas os evangelhos relatam essa história. Isso porque Pedro falou aos demais o que tinha acontecido, ele confessou seu pecado, assim como também contou quando foi restaurado por Jesus.

Nós não precisamos esconder nossos pecados e nossas falhas, eles vão nos definhar, acabar conosco. Mas quando confessamos isso a alguém entregando nossa culpa e nossa dor nós podemos receber o perdão. Não precisamos também temer testemunhar aquilo que Jesus fez em nós, a mudança que ele trouxe para nossa vida.

4. Vamos agora testemunhar! O envio de Jesus a Pedro foi: “Pastoreie o meu rebanho”. Qual o seu chamado? Par ao que Jesus está lhe enviando? Essa boa-notícia que recebemos não pode ser guardada conosco, devemos contá-la adiante e viver com a maravilhosa alegria de ter conhecido