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Maturidade

Um chamado de Deus

Enquanto eu estava na faculdade uma professora compartilhou um estudo sobre os jovens de 15 a 29 anos que moram na casa dos pais e não estudam, nem trabalham. A geração nem-nem, nem adulto, nem jovem. Uma geração que não amadureceu.

Uma geração que não quis sair da casa dos pais pois ali é mais confortável, que não estudam, não buscam uma formação acadêmica e não trabalham. É mais confortável ficar na dos pais, sem trabalhar e estudar, sem buscar se aperfeiçoar. Permanecer na mesma.

Essa geração chegou (no ano de 2018) a cerca de 11 milhões de jovens de 15 a 29 anos. Alguns por falta de oportunidade, mas outros simplesmente por comodismo. Por ser mais confortável permanecer como está (durante a pandemia esse grupo cresceu ainda mais).

Olha só que interessante, assim como temos jovens imaturos e estagnados profissionalmente, temos também crentes que vivem assim, no entanto, os crentes não se restringem a uma idade específica. São crentes que nem querem amadurecer, nem querem sair de onde estão, não querem buscar a santidade e a vivência do Evangelho no dia-a-dia.

Dentre os crentes isso não tem idade. Temos pessoas que a 5, 10, 20, 30, 40 anos conhecem o Evangelho e permanecem na mesma, pessoas que tem uma vida inteira de igreja e permanecem ali, do mesmo jeito.

Uma geração nem-nem dentro da igreja, nem cristão maduro, nem em transformação, crentes estagnados em sua fé, acomodados.

Por que falar sobre isso? Porque Deus não nos chamou para o comodismo, ser cristão não tem a ver com ficar de braços cruzados esperando Jesus voltar, nem mesmo viver o aqui e agora sem se importar com o amanhã.

Ser Cristão é pertencer a Cristo sendo discípulo dele, imitando os passos do mestre. Ser cristão é trilhar o caminho estreito, é ser perseguido pela sua convicção de fé, é amar o próximo de tal forma que evangelizo, oro, clamo por ele. Ser cristão, ser discípulo de Jesus vai além do que a maioria de nós vive.

Vamos ver o que a Palavra diz a respeito disso:

“Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender. De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal”. Hebreus 5:11-14

 

Nesse capítulo de Hebreus o autor explica quem é o sumo sacerdote e como Cristo foi o verdadeiro e último sacerdote ao levar nossos pecados na cruz. Uma temática difícil de entender, que é preciso conhecimento bíblico para saber o que o autor está querendo dizer.

A carta aos Hebreus é uma carta complexa, para entendê-la é preciso conhecer bem o Antigo Testamento e os Evangelhos, pois ela faz essa ponte entre o agir e o plano de Deus no Antigo Testamento, mostrando como Jesus é o desfecho de toda essa história.

E chega num momento em que o autor dá uma puxada de orelha bem forte nos leitores da carta.   

“Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender”. Hebreus 5:11

Há muito a escrever, muito a explicar, mas se torna mais difícil fazê-lo pois, os leitores não são maduros na fé. Como explicar coisas tão complexas acerca do plano de Deus se o povo ainda não compreendeu o básico, não compreendeu, por exemplo, o que é ser um discípulo de Jesus?

Pensa o quanto essa carta tem a ver conosco. Quantas vezes nós permanecemos ouvindo o básico, ouvindo as mesmas coisas, porque na verdade, não somos maduros o suficiente para dar o passo seguinte.

“De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus”

Estima-se que a carta aos Hebreus tenha sido escrita cerca de 30 anos após a ressureição de Jesus. Sendo assim, podemos dizer que os leitores dessa carta tinham de trinta anos para menos de conhecimento do Evangelho.

Ali tinham pessoas que se acomodaram na fé. Que deixaram de buscar o amadurecimento, deixaram de zelar pelo conhecimento mais profundo da Palavra, de ter mais intimidade com Deus. Cristãos acomodados, estagnados na fé. Que ficaram no básico.

“Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça”

O autor compara esses cristãos a bebezinhos. Bebezinhos que ainda estão só no leite. Veja bem, usar a referência do leite não é dizer que ele é um alimento fraco, ao contrário, é tudo que o bebê precisa no início da vida. No entanto, conforme ele vai crescendo e seu corpo se formando, é preciso ir adicionando aos poucos outras comidas.

Assim é na fé, no início nós precisamos dos elementos básicos da fé. Aprender quem é Jesus, o que ele fez por nós, porque ele precisou morrer na cruz por mim. Compreender que a salvação é por graça não por obras. Compreender o batismo, a Ceia, ter uma vida de oração e leitura bíblica.

E assim nós vamos nos aprofundando na palavra, descobrindo como Deus agiu em cada momento da história, compreender seu plano missionário que perpassa toda a Bíblia, compreender o Reino de Deus que é já e ainda não, saber qual a Cosmovisão Cristã.

Viver o mandato cultural de Deus, saber lincar o Antigo e o Novo Testamento, entender o porque da Lei do Antigo Testamento e qual papel dela hoje, saber o que é vontade de Deus e o que não (ainda mais que cada pessoa diz uma coisa a respeito disso). Aguardar ansiosamente a vinda de Cristo lendo Apocalipse e percebendo que esse é um livro de esperança, não de medo.

Discutir com outros cristãos textos bíblicos, estudá-los a fundo. Buscar entender quem Deus é, e a partir disso, quem sou eu.

Mas amadurecer não fica só no conhecimento. Ser um cristão maduro, que cresce e se alimenta com alimento solido, tem a ver também com aplicar aquilo que se aprende. Não adianta eu saber tantas coisas se não coloco elas em prática no meu dia-a-dia.

Por que nós comemos? Para que necessitamos de alimento sólido? Porque nós gastamos a energia que esses alimentos nos dão, eles nutrem nosso corpo, e com isso nós conseguimos agir, viver.

Assim é o cristão maduro, ele tem o conhecimento da Palavra e a prática. Não fica só para ele, ele aprendeu a viver aquilo que Cristo o chamou para viver. Aprendeu a servir com seus dons no Reino de Deus, aprendeu a amar sua família, orar por ela, cuidar e proteger, aprendeu que é tão pecador quanto qualquer um e, por isso, ele não despreza ninguém.

O cristão maduro é aquele que através da Palavra aprendeu a lidar com as adversidades, com as dificuldades da vida, com os conflitos que surgem. Aprendeu que ser igreja é ser membro atuante e que faz diferença, em casa, na sociedade e na sua comunidade de fé.  

“Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal”.

Os adultos são aqueles maduros emocionalmente e maduros na fé. Que lidam de forma saudável com suas emoções, que sabem quem são, seus limites e fraquezas, seus dons e potencialidades.  Esse é o adulto, aquele que pelo exercício constante vai amadurecendo e abandonando velhos hábitos.

O alimento sólido é para os adultos na fé. Quem pode dizer: “eu tenho experimentado amadurecer na fé?” quem de nós amadureceu nesse último ano? Abandonou hábitos, pecados e falhas que não agradam a Deus, aprendeu a lidar com conflitos e adversidades?

Quem está apto, preparado para o alimento sólido da fé?

Quem de nós se coloca a serviço do Reino de Deus para servir, para viver uma fé madura, que contagia quem está ao nosso lado? Uma fé que não é abalada por quaisquer circunstâncias, por quaisquer desafios que surgem, mas é uma fé sólida e convicta?

“Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade”. Hebreus 6:1

Vamos adiante, aprendendo com o passado, clamando ao Espírito Santo por sabedoria, vivendo o presente de forma a glorificar a Deus, mas com olhos fitos na esperança futura a esperança de vida eterna!

O chamado não é para o comodismo, não é para um cristão nem-nem acomodado, não é para ficar no básico, no que dá menos trabalho, no que estressa menos.

O chamado de Jesus é para pegar a cruz e ir, seguir em frente, e nessa caminhada aprender, mudar, ser moldado e consumir alimento sólido: buscar conhecer a Palavra de Deus a fundo sabendo quem ele é e o que quer de nós!

Perguntas para edificação: 

  • O quanto você amadureceu nesse ano e o que mudou na sua caminhada de fé?
  • O que falta para você sair do comodismo e ser um cristão maduro que serve e vive o Evangelho?