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Encontros com Jesus

Encontro polêmico!

E se vocês vissem a pastora da comunidade sentada em uma mesa num pub, num bar, conversando com políticos corruptos, empresários ricos e mercenários, pessoas que para se dar bem na vida roubavam o máximo que podiam de outras através de seus negócios, o que vocês pensariam?

Ou se eu frequentasse a casa dessas pessoas, de pessoas desonestas, mau caráteres e maldosas, como vocês olhariam para mim a partir dali?

Com certeza, se sairmos aqui do culto e vocês me verem sentada numa roda dessa num bar, boa parte da igreja iria me julgar e até condenar por estar naquele lugar e com aquelas pessoas, afinal já diz o ditado né: “me diga com quem tu andas, que eu te digo quem tu és”!

Será? Vamos ver com que tipo de pessoas Jesus andava, se relacionava e saia para comer depois de ter feito um belo milagre.

Leitura Bíblica:

“Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Siga-me". Levi levantou-se, deixou tudo e o seguiu. Então Levi ofereceu um grande banquete a Jesus em sua casa. Havia muita gente comendo com eles: publicanos e outras pessoas. Mas os fariseus e aqueles mestres da lei que eram da mesma facção queixaram-se aos discípulos de Jesus: "Por que vocês comem e bebem com publicanos e ‘pecadores’? "Jesus lhes respondeu: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento". Lucas 5:27-32

No texto anterior ao que lemos, Jesus cura um paralítico e lhe perdoa os pecados, gerando polêmica entre os fariseus e mais alguns que por ali estavam e, também, alegria por parte de outros pela cura do paralítico.  Depois desse momento, de ter ensinado, perdoado e curado, ele sai para comer, mais ou menos igual boa parte da igreja que gosta de se juntar com outros para sair depois do culto, comer algo e conversar.

Jesus era alguém bem eclético nas suas refeições ele gostava de estar em lugares diferentes e com pessoas diferentes e dessa vez ele vai para a casa de Levi (que nós também conhecemos como Mateus) um dos discípulos de Jesus. Lá ele faz sua refeição, conversa com Levi e com outras pessoas, já que a casa estava cheia de convidados de Levi.

O interessante é que esse encontro começa num lugar polêmico, na coletoria, ou seja, Levi era um cobrador de impostos, uma classe odiada pelos judeus, tidos como pecadores e traidores, com quem um judeu de verdade não deveria se relacionar.

É Levi que vai até Jesus? Não! É Jesus que vai e ao chegar chama Levi para segui-lo, prontamente Levi o faz e ainda oferece um banquete para o mestre, pois como cobrador de impostos com certeza ele tinha um ótimo padrão de vida. Jesus muito tranquilamente e de consciência limpa vai ao banquete, comer com uma classe de gente que levava uma vida toda errada, moralmente distorcida, com pecadores.

Levi, que nós conhecemos como o Apóstolo Mateus, que provavelmente também escreveu o Evangelho de Mateus aceita o convite de Jesus prontamente. Não sabemos como foi a conversa desses dois, muito provavelmente ele já conhecia Jesus, já havia presenciado seus milagres e percebido sua autoridade, mas o texto de Lucas apenas demonstra um homem pronto para ir, que deixa seu posto e profissão para seguir a Jesus.

Mateus foi encontrado por Jesus onde ele estava. Naquele lugar de trabalho, lugar que significava rejeição por parte de seu próprio povo, lugar de descontentamento e até desprezo de muitos, a coletoria de impostos. Afinal, quem trabalhava na coletoria era tido como um traidor do povo judeu, já que eles arrecadavam impostos para repassar a Roma, ao império que os dominou, impedindo que fossem livres.

Eram taxas pesadas que eles deveriam cobrar, taxas que empobreciam e dificultavam ainda mais a vida do povo de Deus, do próprio povo de Mateus. É por isso, que existia todo esse ódio, todo esse desprezo, essa era uma profissão de pessoas desonestas, pessoas que não se importavam com seus próprios conterrâneos.

Esse é o contexto dessa história!

Traduzindo para nossos dias, é como se Jesus tivesse saído do culto e chamado aquele pessoal que nem no culto tinha vindo para comer juntos, um pessoal que jamais pisaria os pés na igreja, por serem julgados e condenados pela turma dos que pertencem a igreja.

Podemos dizer que se fosse hoje, Levi não teria levado pra sua casa, mas para um lugar que costumava frequentar, um Muller da vida ou um restaurante caro e badalado da cidade. Esse é o tipo de lugar que Jesus frequentava, e essas eram as pessoas que ele escolhia ter por perto, aqueles que os da igreja excluíam e desprezavam.

Bem, aqui eu já poderia terminar minha pregação, não é mesmo? Afinal, só de entender o que está acontecendo ali já é o suficiente, já vai muito além do que nós vivemos e praticamos como cristãos. Mas o texto não termina aqui, e se terminasse poderia abrir brechas para muita coisa e muita justificativa, então vamos continuar.

Enquanto Jesus come com aquela turma, os fariseus e mestres da Lei, que gostavam de observar o que Jesus estava fazendo chegam perto e indignados com as pessoas que Jesus estava se relacionando, questionam os discípulos, não questionam o próprio Jesus.

Voltando pro nosso exemplo atual, é como se eu estive lá no Muller, com aquelas pessoas moralmente erradas, e aí uma turma de líderes da igreja chegasse perto de um presbítero e dissesse: "nossa a pastora naquele lugar, como pode se misturar com esse tipo de gente e ainda nesse ambiente"

Eles não falam direto com Jesus, eles falam com os discípulos, mas Jesus sendo Jesus, e sabendo o que estavam falando e pensando corta a fofoca ali mesmo. Até porque isso podia gerar dúvida na cabeça dos discípulos, eles poderiam ser levados por aqueles comentários maldosos e entrar na onda dos fariseus, afinal eles ainda estavam no início da sua caminhada e tinham muito a aprender.

Por isso, Jesus interrompe a conversa dando de cara uma resposta aos nossos queridos fariseus:

“Jesus lhes respondeu: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento". Lucas 5:31,32

Os fariseus questionam o ambiente e as pessoas que Jesus estava se relacionando, já a postura e resposta de Jesus a isso é precisa e certeira. Quem é que precisava de Jesus? Os que ouvindo a sua palavra a desprezavam pois achavam que não necessitavam dela e que já possuíam tudo o que precisavam, ou aqueles, que ouvindo o chamado de Jesus deixam tudo e o seguem?

Jesus não está dizendo que os fariseus não precisavam dele, não precisavam de salvação, mas que se eles não reconhecessem sua doença, sua enfermidade, eles não precisavam da cura que Jesus poderia ofertar. Mateus, diferente dos fariseus, ouviu o chamado de Jesus e o seguiu, deixando para trás sua velha vida, seu trabalho, para ser um discípulo do Reino de Deus.

E ele não faz isso escondido como Nicodemos, por exemplo, ele o faz diante de todos seus colegas, diante de pessoas importantes, ele faz um banquete demonstrando a todos o que viveria dali em diante!

Jesus veio para chamar pecadores ao arrependimento, o qual nós também somos, mas precisamos confessar o que de fato somos para ter esse encontro com Jesus.

Além disso, precisamos aprender com Jesus e com sua forma de se relacionar com as pessoas. Ele não se relacionava apenas com pessoas do seu meio religioso, ao contrário, de forma intencional e amorosa, ele se relacionava com pessoas excluídas, tidas como pecadoras, desprezadas pelos religiosos, com as vidas destruídas, para que essas pessoas tivessem a chance de se encontrar com ele e serem salvas.

“Ser luz onde há trevas”; “Ser sal onde está sem gosto”; “Ser bom perfume onde está fedendo a podre” esse foi o ministério de Jesus, e esse é o chamado para cada um de nós. Ir muito além do que nossa bolha gospel nos leva. Ir aos ambientes que ninguém mais vai, se relacionar com quem tem pavor de ouvir de igreja, falar com aqueles que pensam que Jesus os esqueceu.

No próximo domingo nós teremos eleições, uma eleição bastante importante que pode definir muitas coisas sobre os próximos anos do nosso país. E nós como discípulos de Jesus o que estamos fazendo a esse respeito? Estamos sendo luz nesse meio? Estamos exercendo nosso papel de cidadãos e levando a sério o que nos é proposto como cidadão dessa pátria, ou estamos achando que isso não tem a ver conosco?

Muito provavelmente, Jesus estaria no meio dessa turma de políticos, que nós gostamos de chamar de ladrão, de corrupto, de mentirosos, de mercenários e daí por diante. Ele estaria lá, para que aqueles que lá estivessem pudessem ouvir sobre a salvação. Ele não estaria lá para fazer campanha política, ele estaria lá para curar as feridas e levar transformação de vida.

Eu percebo que a igreja brasileira tem falhado muito nesse aspecto. Julgamos que tenta ajudar, fazendo algo diferente e levando o Evangelho para esses ambientes infestados pela maldade e corrupção do coração, mas ficamos de braços cruzados, com nossos achismos e convicções tirados de vídeos recortados na internet.

Nosso papel como cidadão do Reino e viver o Evangelho, em todos os lugares e em todos os momentos. Como seria maravilhoso que nossos governantes tivessem encontros com Jesus, que os transformasse, assim como transformou Nicodemos, a mulher samaritana e Mateus, que eram pessoas tidas como pecadoras e incorretas aos olhos religiosos.

Nosso dever como igreja nesse momento que estamos vivendo, não é arranjar brigas em redes sociais, não é caluniar, não é defender um ou outro como se fossem os salvadores da humanidade. Nosso dever como cidadão do Reino, é pesquisar, se informar e buscar votar não na pessoa que eu gosto, ou no partido que eu defendo, mas naqueles que realmente podem fazer o melhor para essa nação.

Vejam o exemplo de Jesus, a forma que ele agia e façam o mesmo. Se importem com o próximo, seja ele quem for, ame o pecador a ponto de tirar do seu tempo e esforços para estar com ele, comer com ele e mostrar Jesus a ele. E ame seu país e as pessoas que nele residem o suficiente para votar pensando no bem comum e não no seu bem, pensando em que vai dar o seu melhor pela nação, pelo estado, e não o melhor para você.

Temos essa responsabilidade já que foi aqui que o Senhor nos colocou. E amar ao próximo é também exercer meu papel como cidadão da melhor forma possível.

E como pastora dessa comunidade, como responsável pela pregação do Evangelho aqui, e ainda mais, como responsável diante de Deus por esse rebanho, minha oração é que cumpramos com nosso papel como igreja nessa cidade, nesse estado  e nesse país. E sinceramente, espero não ver durante essa semana, ou no próximo domingo, ódio, brigas e discussões entre nós relacionados a partidos políticos e candidatos.

Esse seria um péssimo exemplo! Espero que sejamos sábios, tantos em votar pelo bem de todos pesquisando aqueles que estão se colocando a disposição para governar, como também em lidar com aqueles que tem opiniões diferentes de nós.

Não sejamos como os fariseus que criticavam a Jesus pelas costas, lhe apontavam o dedo e julgavam, por estar levando o Evangelho aos pecadores. Mas sejamos um pouco mais parecidos com Jesus, nos relacionando e amando aqueles que ao nosso redor estão doentes e perdidos!

Levi se tornou o conhecido Mateus que seguiu a Jesus e foi seu discípulo. E nós? Se ainda estamos doentes, que Jesus nos cure, se estamos perdidos, que ele nos encontre, e se fomos encontrados, vamos agir como ele agiu, amando, cuidando e levando a cura.

Perguntas para Edificação:

  1. O que mais te chama atenção nesse encontro de Jesus com Levi?
  2. O que Deus tem falado a você nesse último mês que falamos sobre pessoas que encontraram Jesus?
  3. O que você pode fazer para ter encontros com Jesus em seu dia-a-dia?