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Apredendo a Gratidão 

Com frequência eu lembro de uma pregação feita aqui na comunidade em que o pregador citou o versículo de 1Co 10.10, no qual Paulo fala que não devemos nos queixar, que isso não deve fazer parte das nossas vidas. Naquele culto repetimos diversas vezes 1Co 10.10 pra não esquecermos e quando estivermos entrando nessa onda de nos queixarmos sermos lembrados disso.  

O culto de Ação de Graças é um momento para praticar isso, ao invés das queixas e pedidos, hoje trazemos diante do altar de Deus gratidão, ações de graças, atitudes que demonstrem que somos gratos a Deus. Gratos pela nossa vida, gratos pela nossa família, gratos pelo nosso trabalho, pelo nosso sustento, gratos pela nossa saúde, gratos pela comida que comemos, gratos pelos amigos que temos, gratos porque temos uma igreja para servir, gratos porque temos um local tão lindo para estar em comunhão, gratos por cada ano de história de nossa comunidade, pelos anos fáceis e difíceis.  

Principalmente, hoje é dia de agradecer por quem Deus é, pela salvação, pela graça imerecida, por seu amor que é tão grandioso que é difícil explicar. Mas, esse dia não deveria ser apenas um dia, esse deveria ser nosso hábito diário.  

Agradecer a cada novo dia que acordamos, agradecer cada vez que nos alimentamos, agradecer quando vamos dormir, agradecer quando podemos abraçar as pessoas que amamos, agradecer quando estamos juntos com os irmãos na fé, agradecer a cada domingo que chega e temos a honra o privilégio de cultuar a Deus num lugar especial como esse, a gratidão deve ser um hábito em nossas vidas!  

O culto de Ação de Graças é um dia para reforçarmos isso. Reforçar que durante o ano todo nós devemos ser gratos, não apenas de vez em quando, não apenas quando somos lembrados disso, mas sempre, a todo instante. Um coração grato é um coração feliz, é um coração cheio de alegria, é um coração leve.  

Nós precisamos aprender a ser gratos de verdade, não só da boca pra fora, mas gratos em nosso íntimo. Deus ensinou seu povo a agradecer e a entender que tudo provém dele. Hoje nós celebramos o culto de Ação de Graças para que também nós aprendamos a sermos gratos.  

Mas como aprender? Como Deus ensinou seu povo?  

Vamos abrir a bíblia em Números 28.26-31 e Deutoronômio 16.9-12  

As festas do povo de Israel no Antigo Testamento eram instituídas pelo próprio Deus. Essas celebrações anuais que o povo deveria fazer eram descritas na Lei de forma específica e cada ritual estipulado detalhadamente por Deus. 

A festa da colheita ou festa das semanas era uma celebração para agradecer, para que todo o povo lembrasse que: Deus é quem dava o sustento, que foi Deus que lhes deu a terra onde moravam e plantavam, que Deus lhes permitia a colheita do alimento (Deus no centro). 

Essa festa era uma forma didática de Deus lembrar o seu povo de onde vinha o sustento deles e de ensiná-los a serem gratos. As Leis do Antigo Testamento serviam para que o povo não esquecesse de quem Deus é, do que ele fez pelo povo (libertação) e de como o povo era dependente de Deus.  

Quando nós lemos esses textos da Lei (como dos livros de Deuteronômio e Números) nós podemos pensar: mas por que tudo isso? Por que essas exigências todas? Por que Deus pedia tudo isso ao povo? Será que ele pede isso de nós hoje? 

Um dos motivos é que Deus conhecia o seu povo e sabia que o seu coração é inclinado ao mal, ao pecado, que facilmente se desviavam da presença de dele. As leis traziam o povo para diante de Deus, mostrando a fraqueza humana e a grandeza de Deus.  

A festa da colheita, essa festa em que todo o Israel deveria ir até o local de sacrifício que mais tarde era o templo em Jerusalém, era uma festa para ensinar o povo a ser grato a Deus por cada detalhe da vida cotidiana, inclusive pelo sustento, pelo trabalho.  

Ao cumprir cada um desses rituais o povo deveria ser lembrado que Deus os tirou do Egito, da escravidão e os trouxe para uma terra que há fartura de comida, uma terra abençoada (lembrar da libertação e salvação e serem gratos).  

Vamos olhar esses dois textos e compreender o que nós aprendemos a partir deles também para nós hoje:  

Números 28  

Quando chegava o tempo da colheita o tempo de fartura, logo no início, o primeiro feixe colhido deveria ser levado ao sacerdote. Era o primeiro fruto do trabalho entregue diante de Deus. Assim o povo aprendia a gratidão, sabendo que o sustento vem dele, que tudo é dele, que ele cuida do povo e que tudo que existe depende de Deus.  

Esse é o primeiro aspecto que aprendemos de Deus acerca da gratidão. Ser realmente grato é entender que tudo provém dele e desde o início demonstrar essa gratidão. Israel devia dedicar ao Senhor, levar o templo, a primeira parte da colheita e o melhor, todos os animais sacrificados a Deus deviam ser perfeitos, sem nenhum defeito, selecionados especialmente para o sacrifício.  

Isso nos ensina que para Deus nós não ofertamos sobras ou restos, não ofertamos aquilo que não queremos mais ou que não tem mais valor para nós. Ao contrário, entregamos o melhor, da nossa vida, do nosso tempo, do nosso trabalho, entregamos a primeira parte, antes de usufruímos, antes de nos enchermos nós agradecemos.  

Israel aprendeu que de tudo o que produziam para viver a primeira parte deveria ser levada a Deus, não as sobras, não o resto. Por que isso? Para aprenderem a depender de Deus e a serem gratos. Se nós não ofertamos o melhor e o primeiro nós não somos gratos e não confiamos. Não confiamos que Deus vai nos sustentar, não confiamos que será o bastante pois queremos sempre mais e mais e é assim que nos tornamos ingratos e infelizes pois nos tornamos escravos de nós mesmos, por não confiarmos em Deus.  

Ter um coração grato nos liberta do ativismo, nos liberta do consumismo, nos protege de nós mesmos, da ganância, do orgulho, da luxúria.  

 O texto ainda nos lembra que nesse dia de gratidão nós devemos convocar uma Assembleia Santa, ou seja, uma reunião santa, (é o que nós estamos fazendo hoje aqui, nós convocamos a igreja para este dia especial) e nesse dia não trabalhem diz o texto.  

Deus deixa claro ao povo que eles deveriam ter dias separados para agradecer, para louvá-lo e cultuá-lo, para pausar sua rotina e se entregar a ele estando na comunhão com outros irmãos.  

O texto deixa claro, também, como deveria ser essa oferta. São exigências bem específicas que nos lembram que Deus é sim exigente, que diante dele nós devemos dar o melhor, nosso melhor e o melhor daquilo que produzimos.  

Isso serve para nossas atividades. Ter uma vida de gratidão é sim vir aos cultos todos os domingos para juntos com a igreja agradecer por cada dia vivido, ter uma vida de gratidão é sim ofertar a Deus o primeiro fruto do meu trabalho, pra que isso me ensine que é Deus que me sustenta e me ensine a confiar nele. Ter uma vida de gratidão é ofertar o meu melhor naquilo que eu faço, é honrar a Deus no meu trabalho. Todo cristão deve ser o melhor trabalhador, o melhor patrão, o melhor funcionário, o melhor servidor público, o melhor prestador de serviços, pois o trabalho do cristão deve ser feito com excelência por ser dedicado a Deus e não a homens.  

Deuteronômio 16 

O texto de Deuteronômio reforça que a celebração é no início da colheita não no final. Isso nos lembra novamente que o coração grato é um coração que depende totalmente de Deus. Pois independente se fosse uma boa colheita ou uma colheita ruim, Israel deveria levar as primícias a Deus da mesma forma. Assim serve para nós, sempre que deixamos para agradecer a Deus no final nós na verdade só mostramos que não somos gratos, que apenas estamos cumprindo uma obrigação. A gratidão pelo nosso trabalho deve ser no primeiro dia do mês, a gratidão pela nossa semana no primeiro dia da semana, não seja grato apenas se tudo der certo, se tudo sair como você planeja, se for tudo bem, aprenda a ser grato sempre em todas as circunstâncias, lembre-se que o simples fato de você estar respirando agora é motivo de imensa gratidão, pois nem isso nós merecemos.  

E alegrem-se perante o Senhor! Alegrem-se juntos com seus irmãos. alegrem-se quando estiverem juntos, demonstrem essa alegria, cantando, orando, erguendo as mãos, batendo palmas, louvando a Deus. Um coração grato é um coração que consegue se alegrar mesmo em meio a tantas tristezas desse mundo, pois o coração grato sabe que tudo o que somos, tudo o que temos, tudo o que vivemos é graça de Deus.  

Que nossos momentos juntos, todos os cultos do ano, os nossos encontros de PG, as nossas reuniões, cada encontro nosso seja uma celebração de gratidão a Deus. Vamos ser mais gratos a Deus e nos alegrar por podermos celebrar juntos, por cada detalhe que Deus tem cuidado de nós. Vamos parar de reclamar por aquilo que não somos, por aquilo que não temos, por aquilo que não vivemos e agradecer o que somos, vivemos e temos, que a gratidão permeie muito mais nossos momentos de comunhão do que a reclamação ou o murmúrio.  

Além disso, que nossa gratidão demonstre nosso cuidado com o próximo, nosso amor com aquele que necessita de nós, que necessita do apoio, do cuidado, do servir da igreja.  

Para o povo de Israel a gratidão era demonstrada através das ofertas, da sua vida de obediência a Deus. Os sacrifícios e holocaustos oferecidos diante do altar eram sinal de arrependimento e entrega diante de Deus.  

Nós hoje temos muito mais a agradecer. Não levamos sacrifícios de animais, nem holocaustos, pois o sangue de Jesus foi o sacrifício definitivo. Hoje nós ofertamos a Deus a nossa vida como um todo, por isso, lembrem-se que a gratidão deve ser parte da nossa vida diária e que Deus nos libertou de algo muito maior do que a escravidão nesse mundo, ele nos libertou da escravidão do pecado, nos livrando da morte e da condenação.  

Deus precisava lembrar Israel constantemente do que ele havia feito, da libertação do Egito, será que ele precisa ficar constantemente nos lembrando também da salvação? Do sustento? Da vida que ele nos deu? Ou nós temos sido gratos de fato?  

Lembrem 1Co 10.10: "E não se queixem, como alguns deles se queixaram". 

Chega de reclamar, vamos agradecer, vamos sorrir, vamos nos alegrar, vamos compartilhar nossos fardos uns com os outros pra ficar mais leves, vamos orar uns pelos outros, vamos erguer nossas vozes e cantar com todo nosso coração ao Senhor as maravilhas que ele tem feito.  

E vamos dedicar a Ele as primícias. Não espere sobrar, porque nunca vai sobrar e mesmo que sobre Deus não quer sobras, ele quer as primícias, pois tudo que você tem e tudo que você é vem Dele, é graça Dele.  

Igreja vocês têm ideia da importância da gratidão? Esse culto é uma forma de ensinarmos a igreja a agradecer, mas que isso não seja apenas em um evento do ano, que a verdadeira gratidão que transforma a vida e a torna mais leve o coração, que nos ensina a confiar vire rotina, faça parte de quem somos.  

Para termos uma ideia da importância da igreja se reunir e com todo coração ser gratos a Deus e com Ações de Graças externar essa gratidão, alguém sabe em que momento essa festa aparece na história dos cristãos no Novo testamento? Isso é algo tão grande e tão importante que foi nesse dia, no dia da festa da colheita que o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja.  

O Espírito Santo é derramado enquanto o povo se reunia de todas as partes para trazer ao templo em Jerusalém a sua oferta de gratidão. Que nós possamos aprender a viver em gratidão todos os dias. Que possamos demonstrar a gratidão através de atitudes e que como igreja possamos nos alegrar mais juntos.