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Acontece nas melhores famílias

Falha na comunicação

Vamos começar alinhando o nosso conceito de comunicação:

“Comunicação é uma palavra derivada do termo latino "communicare", que significa "partilhar, participar algo, tornar comum". Através da comunicação, os seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade”[1].

Nós vivemos no tempo em que a comunicação foi extremamente facilitada. É fácil falar com qualquer pessoa, a qualquer hora, em qualquer lugar do mundo. Não tem mais barreiras geográficas para a comunicação acontecer. No entanto, nós continuamos tendo sérios problemas de comunicação em nossos relacionamentos.

Eles não são causados mais pela distância, mas por diversos outros fatores, o principal deles é a dureza do coração, que nos distancia do outro, nos impede de amá-lo e de se colocar no lugar dele. Você já parou para pensar que o que realmente nos distancia é o que está no nosso coração? É dali que saem as decisões do que fazer, o que falar, de como agir. Nós falamos que o que nos distancia é a correria, mas a decisão de correr foi nossa, falamos que é culpa do trabalho, mas nós escolhemos aquele trabalho, damos a culpa para as redes sociais, mas nós escolhemos ficar horas ali.

A falta de comunicação é uma escolha nossa, por mais difícil que seja admitir isso!

Na família dos patriarcas a comunicação era um problema óbvio. A falta de conversa e diálogo já iniciou em Abraão e Sara, mas se intensificou em Isaque e sua esposa, Rebeca. E isso trouxe consequências dolorosas para toda a família.

Lembra que na semana passada comentamos que existem comportamentos e situações que se repetem de uma geração para outra? Podem ser comportamentos bons ou ruins, benção ou maldição. No capítulo 26 de Gênesis vemos que Isaque repete um comportamento de seu pai Abraão que é a mentira. Assim como Abraão mentiu sobre Sara, por medo e falta de confiança em Deus, assim também Isaque mentiu, alegando que Rebeca era apenas sua irmã.

Aqui está um exemplo claro de como uma família passa para a próxima geração hábitos, atitudes e pensamentos, formando a próxima geração. Por isso, precisamos pensar bem o que nós estamos passando para a próxima geração.

Mas Isaque também recebeu uma grande benção de seu pai, a promessa de Deus:

“Naquela noite, o Senhor lhe apareceu e disse: "Eu sou o Deus de seu pai Abraão. Não tema, porque estou com você; eu o abençoarei e multiplicarei os seus descendentes por amor ao meu servo Abraão". Gênesis 26:24

Isaque casou-se com Rebeca após a morte de sua mãe, já com 40 anos de idade. Rebeca também teve dificuldade para engravidar e Isaque orou por sua esposa. Esse é um hábito que a Bíblia não relata a cerca de Abraão, o marido orar pela esposa, já Isaque o faz e Deus lhe atende. Rebeca engravida de gêmeos.

Mas como na época não havia ultrassom e na barriga dela era um agito total, ela consulta o Senhor para saber o que estava acontecendo, ao que Deus responde a Rebeca:

“Disse-lhe o Senhor: "Duas nações estão em seu ventre, já desde as suas entranhas dois povos se separarão; um deles será mais forte que o outro, mas o mais velho servirá ao mais novo". Ao chegar a época de dar à luz, confirmou-se que havia gêmeos em seu ventre. O primeiro a sair era ruivo, e todo o seu corpo era como um manto de pelos; por isso lhe deram o nome de Esaú. Depois saiu seu irmão, com a mão agarrada no calcanhar de Esaú; pelo que lhe deram o nome de Jacó. Tinha Isaque sessenta anos de idade quando Rebeca os deu à luz. Os meninos cresceram. Esaú tornou-se caçador habilidoso e vivia percorrendo os campos, ao passo que Jacó cuidava do rebanho e vivia nas tendas. Isaque preferia Esaú, porque gostava de comer de suas caças; Rebeca preferia Jacó”. Gênesis 25:23-28

A confirmação veio, Rebeca teve gêmeos. E Deus já lhe deu uma profecia do que viria a acontecer no futuro, o mais velho serviria ao mais novo. Jacó nasceu agarrado ao calcanhar de Esaú, mostrando um pouco de sua personalidade e forma de agir com as pessoas.

Isaque já era de mais idade quando os gêmeos nasceram, ele tinha 60 anos. Os dois cresceram, escolheram suas profissões e foram sendo formados em seu caráter e personalidade.

Como foi a educação dos dois? Nós não sabemos detalhes, mas sabemos alguns pontos bem importantes que a bíblia relata e nos ajuda a entender como eles viviam, o primeiro deles está no texto que lemos: “Isaque preferia Esaú, porque gostava de comer de suas caças; Rebeca preferia Jacó”. Gênesis 25:28

Havia uma certa divisão nesse lar, dois times, o time do Isaque e Esaú e o time de Rebeca e Jacó. Com certeza, esses filhos sabiam que seus pais tinham o preferido deles. Essa divisão foi um grande problema para essa família, pois gerou a sua separação por anos.

Sabendo que cada um tinha o seu preferido, os filhos buscam se beneficiar disso, usam isso ao seu favor, principalmente o mais novo com a mãe. Jacó cresceu com uma personalidade traiçoeira, tornou-se um mentiroso e enganador, assim como sua família já vinha vivendo grandes mentiras, Jacó usava de chantagem, mentiras e barganhas para se dar bem, inclusive com o irmão mais velho.

A relação de Esaú e Jacó era uma relação de disputa e comparação. Um tentando ser melhor que o outro, tentando provar sua validade e seu valor perante os pais. E isso é mais comum do que imaginamos, uma consequência dessa preferência que havia por um e outro.

Vemos esse comportamento dos dois diversas vezes. Por exemplo, quando Jacó usa a chantagem com o irmão para dar-lhe o direito a primogenitura e Esaú despreza algo que era extremante importante na época. Outro exemplo é que Esaú escolheu esposas que não agradavam seus pais, o que lhe afetava também, pois preocupava-se com a opinião de seu pai a esse respeito, o que faz ele buscar ainda outras esposas para agradar seu pai.

O ápice dessa história é a benção que Isaque como pai deve passar a seus dois filhos, episódio doloroso na vida dessa família e onde fica claro que havia uma falha na comunicação, pois a casa estava dividida em dois times.

Leitura: Gênesis 27.1-36

Rebeca engana o seu próprio marido, manipulando uma situação e mostrando ao seu filho que tudo bem enganar o pai. Se nesse momento Rebeca age assim em relação a Isaque, muito provavelmente, isso já era algo normal para ela, já fazia parte do como se relacionavam. Episódios assim não são isolados, eles apenas demonstram quem nós realmente somos e como agimos diante das situações.

Rebeca age com seu filho preferido para enganar o marido e trair o filho mais velho. Não houve nenhuma comunicação entre Isaque e Rebeca aqui, eles não conversam sobre esse momento que é tão importante para os filhos. Não vemos Isaque falando com Rebeca sobre esse momento especial, nem Rebeca conversando com Isaque sobre o que ele falou a Esaú. Isaque apenas decide abençoar Esaú e Rebeca apenas decide enganar seu marido.

Que grande falha na comunicação! Falha que gerou traição, mentira, quebra de confiança e novamente o favoritismo dos filhos aparente. Dessa vez, no entanto, as consequências foram gravíssimas, pois separou a família por anos.

Jacó precisou fugir às pressas e esconder-se de seu irmão, vivendo longe por anos, separado de sua família e carregando consigo a marca da mentira e enganação. O favoritismo dos filhos, a falta de conversa, falta de parceria e confiança trouxe profundas marcas nessa família, que apenas foram curadas anos mais tarde quando houve o trabalhar de Deus em Jacó e o perdão entre os irmãos.

Se antes eles viviam uma divisão e comparação dentro do lar, agora isso apenas ficou bem claro, pois estavam também separados e distantes fisicamente.

O que essa história tem a ver conosco?

Ela se parece em algum aspecto com a nossa família?  

Não fique pensando nesse momento nas outras famílias e pensando: nossa aquela família é assim, aquela outra vive exatamente isso. Pense o que Deus tem a dizer para você, para sua família a partir desse texto. Aplique a Palavra a você e não aos outros.

Consegue ouvir a voz de Deus para o seu coração através desses textos e dessa história?

Vamos Aplicar:


       1. Filhos preferidos:

A preferência por um filho gera no filho um sentimento de superioridade, de que pode fazer o que quiser e como quiser. Gera orgulho e autossuficiência, o problema disso é que esse filho não saberá lidar com os NÃOS que receberá da vida. E não se surpreenda se ele lidar com as frustrações de forma que você não esperava, afinal, em casa ele sempre recebeu tudo o que queria, ele não aprendeu a lidar com o diferente, com a frustração de não ter o que quer.

E a preferência por um filho gera no outro filho sentimento de inferioridade ou distanciamento emocional e afetivo, necessidade de chamar atenção, necessidade de agradar os pais o que leva a ansiedade, depressão e outras questões emocionais que afeta o filho por toda vida, sem falar que ele não se sente amado, e não tendo esse amor preenchido pelos pais ele busca em outro lugar, em outro relacionamento, em vícios em qualquer outra coisa que lhe aparecer.

Pais vocês têm certeza de que seus filhos sabem que vocês o amam? Eles têm isso bem firmado no coração deles? Há no coração deles alguma dúvida de que vocês estão fazendo o melhor para eles por amor? Pergunte isso ao seu filho, pergunte se eles se sentem amados, exercite a comunicação no lar. Lembre-se que a dureza do coração no impede de ter uma boa comunicação, então ore a Deus para quebrar essa dureza e vá ao encontro do seu filho, tenha uma boa conversa com ele.

Casais, o seu cônjuge tem certeza do seu amor por ele? O tanque de amor do seu cônjuge está sendo preenchido constantemente por você? Há dúvidas no coração do teu cônjuge? Há medo ou inseguranças? Resolva isso com urgência, esses medos, incertezas e inseguranças podem destruir o casamento de vocês pouco a pouco. Vocês podem estar se distanciando aos poucos, deixando a dureza do coração crescer, deixando outras coisas ocupar o lugar um do outro, e as consequências serão graves, então dê um basta nisso agora, converse com o seu cônjuge, certifique-se de que a comunicação está acontecendo de forma efetiva.

Filhos vocês têm sido gratos aos pais pelas pequenas coisas que eles lhes dão todos os dias? Vocês tem demonstrado amor e gratidão aos pais pela dedicação que eles tem por vocês? Vocês falam aos pais de vocês como se sentem? Ou escondem as informações das pessoas que geraram você?

  1. Comunicação no lar

Família como está a comunicação nessa casa? Lembrando que comunicação não é o que eu quis passar, mas o que o outro entendeu, o que ficou no coração e na mente dele. Vocês tem certeza de que o que vocês estão falando e demonstrando está realmente sendo o que o outro está entendendo?

Nós gostamos muito de interpretar o outro, mas chegar e perguntar, conversar, passar a limpo? Isso nós só fazemos quando tudo já desmoronou e o estrago já está feito. Se nem Deus age assim conosco, porque nós deveríamos agir assim uns com os outros?

A dureza do nosso coração nos impede de viver uma verdadeira comunicação e de ter um lar de paz. Porque é tão difícil falar com o outro e passar tudo a limpo? Deixem aos pés da cruz essa dureza no coração, essa raiva que cresce no coração, o melhor dom é o amor, então clame a Deus para que ele lhe aumente o dom do amor. Para que ele lhe dê esse dom e você aprenda a amar verdadeiramente as pessoas da sua casa.

Que caiam por terra todas as barreiras que tem impedido seu lar de conversar, de receber amor, todas as barreiras que estão distanciando as famílias, os casais, os pais de seus filhos, os irmãos.

Que Deus quebre essa dureza do nosso coração e nos encha do dom maior: o amor!

Perguntas para Edificação:

  1. O que essa história a ver contigo, você se identificou em algum momento?
  2. O que você desejaria mudar na comunicação com sua família?
  3. Você deseja que o grupo ore por algum motivo específico?

 

[1] Disponível em https://www.significados.com.br/comunicacao/, acesso em 15 de maio de 2022.