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A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM

 

INTRODUÇÃO

Neste mês as mensagens dos nossos cultos focam o tema da Páscoa. No domingo passado já vimos sobre a origem da Páscoa, em Êxodo 12, em que o “Passah” surgiu na libertação histórica do povo de Israel de sua escravidão no Egito, evento chave da Antiga Aliança de Deus com o povo de Israel.

Hoje, dia que a cristandade passou a chamar de domingo de ramos, vamos meditar sobre o texto bíblico de Mt 21.1-9, sobre a entrada de Jesus em Jerusalém. Esse evento marca o início da semana decisiva que levou Jesus à crucificação e de sua ressurreição na Páscoa, a Páscoa para nós da Nova Aliança. Nela aconteceu a nossa libertação do pecado, da morte e da opressão de satanás.

Vamos lendo o texto de Mt 21.1-9 em partes enquanto vou compartilhar a minha meditação da semana sobre este acontecimento, ocorrido poucos dias antes da crucificação de Jesus.

 

A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM

1. Jesus pisa em terreno sagrado para os judeus.

“Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras,...” (v. 1).

Era época de Israel festejar a Páscoa, a sua libertação da escravidão do Egito. De todos os lados o povo de Israel rumava a Jerusalém, para a grande festa. Também Jesus e seus discípulos estavam a caminho de Jerusalém, vindos da Galiléia e chegando a Jerusalém pelo lado leste da cidade. Um quilômetro antes ficava Betfagé, que significa “lugar dos figos”, uma pequena aldeia encostada ao monte das Oliveiras e de onde já se avistava o majestoso templo, apenas a 1 km de distância.

Para os rabinos judeus a cidade de Jerusalém era terreno sagrado, pois ali se localizava o templo. Como o templo se localizava no limite leste da cidade de Jerusalém, os rabinos também consideravam terreno sagrado o monte das Oliveiras. Jesus, com seus discípulos, chega nos limites do “terreno sagrado” do templo, na aldeia de Betfagé. Nesta altura Jesus pisa o “terreno sagrado” de Jerusalém, no qual se consumaria sua trajetória de sofrimentos até a morte. Jesus deixaria, agora, essa cidade somente “expulso”, com a cruz nas costas! Ele seria lançado para fora da cidade como um “excluído” do terreno sagrado.

É dentro desta moldura de “entrada e expulsão” que se sucedem os fatos decisivos que levaram Jesus à crucificação; entre a entrada daquele que vem em nome do Senhor Javé e a expulsão, como condenado à morte, e que, curiosamente, também se daria em nome do mesmo Senhor Javé. Nesta semana de Páscoa, entre a entrada em Jerusalém e o domingo da ressurreição, se desenrolam os fatos históricos decisivos para toda a humanidade!

É diante deste Jesus, a entrar na cidade, que o destino de Jerusalém, como de seus habitantes se define. É diante deste Jesus, e o que naquela semana da Páscoa lhe sucedeu, que também o nosso destino se define, o seu e o meu! O que estou fazendo com ele? O que você faz com Jesus?

2. Jesus reivindica a sua condição de Messias

“Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim. Se alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta” (vv. 1b-3).

Percebe-se que Jesus é bem intencional em reivindicar a sua condição de Messias prometido no Antigo Testamento, ao mandar dois de seus discípulos buscarem um jumento novo numa aldeia vizinha, a fim de montar nele. Os israelitas conheciam bem a profecia bíblica de Zc 9.9 “Alegra-te muito, ó filha de Sião, exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria da jumenta”. Intencionalmente Jesus aplica a si esse versículo e entra em Jerusalém sinalizando que ele é o Messias prometido.

Deus mesmo toma as providências para que tudo seja conforme prometeu. Por isso, Deus faz com que, justo naquela hora, um homem desconhecido tem uma jumenta, com um jumentinho já crescido, amarrados num poste defronte de sua casa, e Deus dispôs aquele estranho a entregar o animal aos dois discípulos de Jesus! É por causa do cuidado minucioso de Deus que essa jumenta, com seu jumentinho, tinha que estar amarrado ali justamente naquela hora determinada. Coincidências? Não! Por detrás de todos esses acontecimentos está a providência de Deus!

Assim acontece na minha e na sua vida, quando somos discípulos de Jesus. Deus cuida até dos menores detalhes! E Jesus, que vivia em sintonia íntima com o Pai, sabia dessa atuação do Pai, enviando os dois discípulos com base neste conhecimento do Pai. Assim, também você e eu, podemos confiar no cuidado do Pai referente a tudo que está ainda à nossa frente!

3. Jesus cumpre a Escritura

“Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta: Digam à cidade de Sião: Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta” (vv.4 e 5).

Fica claro que é o próprio Senhor Jesus Cristo quem dirige os acontecimentos. Ele sabia o que iria lhe suceder. A partir do momento em que Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus (Mt 16.13-20), “...Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia” (Mt 16.21). Jesus não foi, simplesmente, uma vítima da morte, como se não pudesse se esquivar dela. Ele sabia muito bem o que lhe aconteceria em Jerusalém naquela semana! De alguma forma, Jesus foi ao encontro da morte consciente e intencionalmente. Jesus também sabia muito bem o que seus discípulos fariam e a crise que iriam passar. A Escritura deveria se cumprir! E Jesus cumpre as Escrituras! Sem assumir a morte na condição de inocente, não haveria solução para o pecado da humanidade; não haveria salvação e esperança para mim e para você!

Ao entrar montado no jumentinho, Jesus cumpre a profecia de Zacarias. Ele reivindica que ele é o Messias prometido, mas, com isso, provoca a reação das lideranças de Jerusalém que o rejeitaram e sentenciaram à morte. Jesus cumpre, assim, as Escrituras!

4. O senhorio de Jesus

“Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho; colocaram sobre eles os seus mantos, e sobre estes Jesus montou” (vv. 6 e 7).

Três pequenas observações aqui:

a) Os discípulos não questionam a estranha orientação de Jesus. Eles vão porque já aprenderam que Jesus é o Senhor, o Messias e Filho de Deus. Portanto, eles vão e obedecem ao que Jesus lhes pede. Você segue as orientações de Jesus?

b) Tudo aconteceu exatamente como Jesus havia falado. Os discípulos vão e, surpresa!, lá estão a jumenta e o jumentinho amarrados no poste. O que isso nos ensina? Que posso e devo confiar, tanto nos mandamentos de Jesus como sobre aquilo que ele prometeu sobre o nosso futuro. Jesus vê o nosso futuro à frente com perfeição. Ele prometeu: “E eu estarei SEMPRE com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.20b).

c) Jesus montou sobre o jumentinho e ele o permitiu. Mc 11.2 registra que nunca alguém havia montado aquele jumentinho. Não estava amansado para ser montado. Normalmente ele devia corcovear e derrubar Jesus de cima de si. O jumentinho, porém, não corcoveou. Parece que ele sabia quem era o Senhor, seu criador. Ele aceitou o jugo de Jesus e deixou se guiar por onde Jesus queria. Tem crente que corcoveia e não aceita o senhorio de Jesus; não quer ir por onde Jesus o deseja conduzir. Você aceita o senhorio de Jesus? Você deixa ele guiar você?

5. Vestes e ramos

“Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho” (v.8).

Se olharmos a cena numa perspectiva terrena e humana, concluiríamos que foi uma homenagem improvisada e precária de receber o Rei, o Messias, o Filho de Deus. Um rei sobre um jumento que nem lhe pertence e que ele precisa devolver logo depois (Mc 11.2)! Um rei sem coroa, sem cetro, sem espada, sem uma corte real! A rua não está enfeitada com bandeiras e nem tem um pelotão de elite à frente tocando trombetas! Seu percurso não está coberto de ricos tapetes, mas de roupas sujas, cheias de suor dos peregrinos! Nada de guirlandas e cartazes trabalhados, mas com galhos cortados às pressas de qualquer arbusto à beira da estrada! Ao longo do caminho uma multidão o aclama, imaginando ser seu Messias idealizado. Poucos dias depois, não vendo se concretizarem as suas expectativas do tipo de Messias que esperavam, já gritam: “Crucifica-o! Crucifica-o”!

Qual teria sido o sentimento de Jesus naquela hora? Não teria ele sofrido mais com esse júbilo do que se alegrado com ele? Será que essa entrada triunfal já não foi o primeiro trecho de sua via dolorosa, a caminho da cruz?

Apesar de tudo, pelo que se relata no texto bíblico, a entrada de Jesus em Jerusalém é um ato de homenagem ao Senhor Jesus! As vestes dos discípulos colocadas sobre o jumento são uma almofada para o rei que chega! A multidão espalha suas vestes duma forma semelhante à recepção dada ao rei Jeú, na cerimônia de sua coroação (2 Rs 9.13). Mas tem algo mais: os ramos de árvores. Esses ramos não faziam parte da festa da Páscoa dos judeus, mas da festa das tendas. Elas apontam para a presença de Deus e para a eternidade! Aqui está Deus, apesar de toda a simplicidade!

Os ramos também apontam para o fato de a vida aqui na terra ser precária e passageira. Na festa das tendas o povo dormia uma semana em tendas precárias cobertas de ramos de árvores. Aqui há uma sinalização de como o nosso corpo é uma tenda transitória. A nossa morada definitiva e eterna veio com esse Jesus, que assim é homenageado. Olhemos além, para o futuro vindouro, que nos é garantido por Jesus!

 

CONCLUSÃO: Hosana!

“A multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas” (v. 9).

Originalmente, “hosana” era um grito de socorro (2 Sm 14.4 “Ajuda-me, ó Rei!). Com o passar do tempo tornou-se um grito de certeza de salvação. Ao exclamar “Hosana ao Filho de Davi”, a multidão estava expressando a sua convicção que agora, finalmente, a salvação de Israel tinha chegado; que Jesus seria aclamado rei em Jerusalém, que expulsaria os dominadores romanos e que tudo iria melhorar. Como os fatos não se desenrolaram nesta perspectiva nos dias seguintes e Jesus foi preso, muitos acabaram gritando na sexta-feira de manhã: “Crucifica-o”! Na realidade, de modo geral tudo ainda estava meio nebulosa para o povo e mesmo para os próprios discípulos. João registra, em Jo 12.16, que nem mesmo os discípulos entendiam bem o que significava essa entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. E tudo lhes ficaria ainda mais confuso nos dias seguintes. O mistério do Messias ainda pairava sobre Jesus, porque ele é o rei que se encontra a caminho da cruz.

Porém, para bem além da cruz, o fato histórico da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém prefigura a chegada ao mundo do Rei Exaltado! Esse evento aponta para a volta de Cristo. Ele retornará com grande poder e esplendor!! O nosso Rei é o vencedor. Ele é quem experimentou salvação e a conquistou para nós, o seu povo. Até o momento de sua entrada em Jerusalém, o Messias ainda chega encoberto em humildade. Mas, mesmo sendo o rei humilde que é, Ele é o vencedor, nosso Rei glorioso que nos salvou pela sua morte na cruz e ressurreição. Por isso cantamos: Hosana ao Filho de Davi! Hosana nas alturas! Ele voltará ao som de trombetas. Os joelhos de todos se dobrarão, no céu, na terra e debaixo da terra e, finalmente, Ele será exaltado como rei dos reis e Senhor dos senhores! Aleluia! Hosana!

Amém.

Perguntas para reflexão e compartilhar:

1. O que, a seu ver, Deus está lhe procurando falar através desta mensagem / texto bíblico?

2. O que você vai fazer com o que ouviu? Que passo você vai tomar na prática?

3. Como o grupo pode lhe ajudar e como você pode ajudar os irmãos do grupo