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 Um Passado Distante! Êxodo 15.22-24

Você já teve aquele sentimento nostálgico que vem e nos trás alguns recortes do passado? Normalmente alguns recordes de um tempo bom que já passou? Com isso, você se pega pensando sobre como era antigamente e das coisas boas que você viveu naquele tempo? E, então, vem aquela afirmação: Bons tempos! Tempos que não voltam mais! Ai que saudade daquele tempo!

Eu já falei isso muitas vezes! Pensando nos dias que podia brincar sem me preocupar com contas. Nos domingos em que saíamos pra passar o dia acampando a beira do rio, só com a família! Que tempo! Bons Tempos!

O momento em que estamos vivendo leva as pessoas tem dito coisas parecidas, como: saudades do tempo em que podíamos nos encontrar e nos abraçar; saudades de quando a vida estava normal; bons tempos quando podíamos sair de casa sem medo.

Não é assim que muitos de nós temos vivido? Pensando em um passado que nos parece tão distante agora? Vivendo dia-a-dia lembrando do passado que era tão bom e, com isso, esperando um futuro onde tudo volte ao normal?

Mas será que esse passado era tão bom assim? Será, que lá nossos medos não eram apenas outros? Será que eram de fatos bons tempos ou nós só estamos lembrando de recortes que tentam nos convencer que ontem foi melhor do que o hoje?

Um passado distante! Um passado que nos prende e pouco nos ensina se olhamos pra ele dessa forma!

A história, ou seja, o olhar para o passado, pode ser algo muito rico se fazemos isso com o intuito de aprender com erros e acertos para viver nosso presente. O povo de Deus por muitas vezes olhou para o passado esquecendo de confiar em Deus no presente, e lembrando só das lembranças que traziam o sentimento de que tudo era mais fácil e mais cômodo naquele tempo.

Te convido, a partir desses pressupostos, a refletir nesse passado distante, um passado que pode nos ensinar mas, não pode nos prender, não pode fazer com que deixemos de viver o presente!

Vamos iniciar por uma história: O Povo de Israel!

 

Vamos passear um pouco no Antigo Testamento. Olhar um pouco da história de um povo que foi chamado (separado por Deus) para ser benção a outros povos.

A história desse povo começa lá em Gênesis 12, com o chamado de Abraão. Chamado para sair da sua terra, sem se fixar no passado, mas confiar em Deus e seguir para uma nova terra, para uma nova história.

Esse povo, chamado Israel, cresceu e multiplicou-se ao longo das gerações. E por causa de uma fome mudaram-se para o Egito. No Egito, viveram 400 anos e tornaram-se escravos. Passaram a ser explorados em seu trabalho, sendo subjugados pelo Faraó. Em meio a esse sofrimento, Deus olha para o seu povo, para Israel, e age em favor do povo, mandando Moisés e os libertando da escravidão no Egito.

Com grande demonstração de poder, com milagres e maravilhas esse povo saiu do Egito. Atravessou o mar em terra seca e foi liberto. E agora caminham pelo deserto, caminham conforme Deus direciona! Caminham rumo a Terra prometida, Terra que mana leite e mel!

Vamos ler Êxodo 15. 22-24:

“Depois Moisés conduziu Israel desde o mar Vermelho até o deserto de Sur. Durante três dias caminharam no deserto sem encontrar água. Então chegaram a Mara, mas não puderam beber das águas de lá porque eram amargas. Esta é a razão porque o lugar chama-se Mara. E o povo começou a reclamar a Moisés, dizendo: "Que beberemos? ".

 

Nesses versículos que lemos surge um problema: estavam sem água própria para beber! Qual a primeira coisa que o povo faz? Reclama para Moisés! Afinal, Moisés que insistiu para eles saírem do Egito. Lá eles tinham água.

Vamos ler um pouco mais adiante: Êxodo 16.1-3.

“Toda a comunidade de Israel partiu de Elim e chegou ao deserto de Sim, que fica entre Elim e o Sinai. Foi no décimo quinto dia do segundo mês, depois que saíram do Egito. No deserto, toda a comunidade de Israel reclamou a Moisés e Arão. Disseram-lhes os israelitas: "Quem dera a mão do Senhor nos tivesse matado no Egito! Lá nos sentávamos ao redor das panelas de carne e comíamos pão à vontade, mas vocês nos trouxeram a este deserto para fazer morrer de fome toda esta multidão!"

Surge mais uma dificuldade pelo caminho. E o que o povo faz? Eles oram? Eles clamam? Eles confiam? Não! Eles reclamam! Questionam!

Olham para o passado de escravidão no Egito dizendo: “Quem dera a mão do Senhor nos tivesse matado no Egito! Lá nos sentávamos ao redor das panelas de carne e comíamos pão à vontade, mas vocês nos trouxeram a este deserto para fazer morrer de fome toda esta multidão”. Êxodo 16:3

- Ah, que bons tempos! Tempos em que éramos escravos! Tempos em que nossa vida se repetia em uma rotina diária! Tempo em que não havia mudanças! Tempo em que Deus não nos desafiava a viver em confiança na promessa Dele!

É basicamente isso que aquele povo estava dizendo. Mais uma vez diante de um problema eles vem a Moisés e Arão, por serem seus líderes, e reclamam. Reclamam falando de um passado melhor, onde eles tinham comida à vontade. Reclamam sem lembrar das coisas grandiosas que Deus já havia feito! Eles olham para o passado dizendo: Como no Egito era melhor! Bons Tempos! Quem dera pudéssemos voltar!

Não! No Egito não era melhor! No Egito só era mais cômodo. Eles tinham uma rotina e tinham se acostumado à escravidão ao sofrimento. Mas pelo menos eles tinham carne e pão, não é mesmo?

Povo obstinado ao pecado! Sem confiança! Sem temor a Deus! Povo que precisava aprender muito!

Vamos olhar para nós:

Em que nós somos diferentes daquele povo? Do que nós somos diferentes quando olhamos para o passado só pra reclamar do presente? Quando pensamos “bons tempos” e esquecemos de agradecer pelo que Deus fez em nossas vidas?  Quando deixamos de perceber o quanto Deus ensina a cada um de nós, e quando deixamos de confiar que Deus cuidará adiante também?

Nós somos iguais a esse povo quando olhamos para um passado que agora parece tão distante e só reclamamos. Quando não conseguimos perceber o quanto Deus agiu em nosso passado nos trazendo até onde estamos hoje. Como nós temos dificuldade de desprender-se de um passado de pecados longe de Deus.

Aquele tempo bom era de fato bom? Será que não era simplesmente um tempo mais cômodo ou um tempo diferente?

Como de fato era a vida daquele povo:

Vamos passear um pouco mais pelo livro de Êxodo, e olhar como de fato aquele povo vivia.

 “Temos de agir com astúcia, para que não se tornem ainda mais numerosos e, no caso de guerra, aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra nós e fujam do país". Estabeleceram, pois, sobre eles chefes de trabalhos forçados, para os oprimir com tarefas pesadas. E assim os israelitas construíram para o faraó as cidades-celeiros de Pitom e Ramessés. Todavia, quanto mais eram oprimidos, mais numerosos se tornavam e mais se espalhavam. Por isso os egípcios passaram a temer os israelitas, e os sujeitaram a cruel escravidão. Tornaram-lhes a vida amarga, impondo-lhes a árdua tarefa de preparar o barro e fazer tijolos, e executar todo tipo de trabalho agrícola; em tudo os egípcios os sujeitavam a cruel escravidão”. Êxodo 1:10-14

 

 “Disse o Senhor: "De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo”. Êxodo 3:7

O povo sofreu muito no Egito, mas naquele momento eles lembravam apenas da comodidade de ter comida garantida. No deserto a comida é escassa. Como tantas pessoas iriam comer? Beber? Há, que vontade de voltar nesse passado! Lá pelo menos tínhamos isso ou aquilo!

Quando Deus nos tira da zona de conforto, mesmo que ela seja um grande sofrimento, é porque ele tem algo maior para nós. Aquele povo vagou durante 40 anos no deserto. Nos 40 anos Deus deu inúmeras provas do seu cuidado. Foi tudo muito fácil e tranquilo? Não! Nunca é fácil e tranquilo no deserto, mas eles só precisavam confiar.

Eles podiam sim olhar para o passado, não para murmurar e reclamar, mas para sempre lembrar do que Deus os livrou, como livrou e para que livrou. Assim também é conosco. Pode ser que você tem pensado em como tudo era mais tranquilo antes do Corona vírus.

Sobre isso precisamos perguntar: Será que era mesmo? Era melhor para as crianças que quase nunca viam seus pais, pois eles sempre estavam trabalhando ou em inúmeros compromissos sociais? Era melhor para o idoso que não recebia nem uma ligação da família para saber como ele estava? Melhor pra quem saía de casa com medo de ser assaltado enquanto ia pra faculdade à noite ou para o trabalho de madrugada? Será que era melhor para os enfermeiros que nem eram notados como profissionais da saúde?

Veja bem: o tempo que estamos passando não é fácil! Não quero dizer quando era, é, ou será melhor. Só quero lembrar que o passado, o presente e o futuro a Deus pertencem.

Vamos olhar para o passado agradecendo a Deus por todo cuidado. Vamos viver o presente sabendo que Deus está no comando, parando de reclamar e murmurar, e entregar o futuro confiando que Deus já o tem em suas mãos.

Aquele povo aprendeu a confiar em Deus? Como será que eles passaram aqueles 40 anos no deserto? Sobre isso que quero te convidar pra falarmos em nossa próxima pregação.

O aprendizado com o Passado

Enquanto eu escrevia essa pregação lindas memórias me vieram à mente. Memórias de alegria, de sorrisos, de muitos amigos e família. Mas também vieram memórias de tempos difíceis, onde Deus cuidou das feridas, onde ele secou as lágrimas. Tempo em que ele aproximou amigos e reuniu a família.

Memórias de um tempo onde era mais difícil a vida, eu via isso na vivência e no cansaço dos meus pais. Memórias que me fizeram ter a certeza que nos tempos alegres e tristes Deus estava lá. Ele me permite lembrar desse tempo, por vezes, até chorar de saudade das pessoas que hoje estão longe.

Mas acima disso tudo Deus com muito amor me ensina a viver o presente em plena entrega e confiança em suas mãos. O deserto é o tempo de aprender a confiar, aprender a se entregar. O deserto não é fácil, mas ele transforma quem por ele passa.

Deixa Deus transformar esse teu coração de pedra em um novo coração. Um coração completamente entregue e confiante em Jesus Cristo, nosso Senhor. Pois ele conhece melhor do que cada um de nós o deserto, o sofrimento.

Ele está contigo em todos os momentos! Cabe-nos nesse período olhar no passado aprendendo com ele e vivendo um presente que confia na soberania de Deus!

Confia! Entrega! E ele te restaurará a vida! O sorriso! O amor!