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DISCIPULADO

ASSUMINDO UM COMPROMISSO MAIOR

Lc 9. 23, 24; 57-62; Mc 1.16-20

 

INTRODUÇÃO

 Nestes últimos domingos, as mensagens têm focado o tema do discipulado. É, sem dúvida, um assunto fundamental para a Igreja, pois a última e decisiva ordem de Jesus foi “Ide, portanto, e fazei discípulos” (Mt 28.19). Precisamos rever nossos discipulados e assumir um compromisso maior com o ser e fazer discípulos de Jesus Cristo.

 

Um compartilhar pessoal: Eu entrei no ministério pastoral em 01/1971, assumindo um projeto missionário na região de Bagé/RS, pouco antes de completar 23 anos. Era novo e inexperiente para liderar espiritualmente uma igreja. Eu era, na realidade, professor-catequista e fui chamado para exercer funções pastorais. Uns dois anos mais tarde eu estava bem desanimado com a responsabilidade de pastorear três Comunidades (Bagé, Hulha Negra e Dom Pedrito). Eu vinha sofrendo críticas, de alguns membros, ao trabalho que fazia. Recebendo a visita do meu colega P. Donald Nelson, lhe falei que estava com vontade de “pendurar as chuteiras” do trabalho pastoral. Ele ponderou: “É. Em vez de pastor você poderia ser professor. Sendo um bem-sucedido professor, talvez chegue um dia a ter um aluno que se torne ministro do governo em Brasília. O que, porém, sobrará do seu trabalho daqui a cem anos? Você também poderia ser dentista. Sendo um bom dentista, você poderia fazer opturações de dentes que durem 50 anos na boca de seus pacientes. Daqui a 100 anos, porém, nada mais restará do seu bom trabalho. Sendo pastor, porém, mesmo que você consiga ajudar apenas uma única pessoa a chegar à fé em Cristo e ajudá-la a tornar-se um membro frutífero na igreja, você terá um tesouro no céu que irá durar para toda a eternidade”. Essa palavra foi decisiva para mim. Não desistiria de seguir o Senhor e de servi-lo, mesmo quando vieram outras fases difíceis no ministério posteriormente.

 

Por que conto essa experiência de 48 anos atrás? Porque diversos de vocês têm dado sinais de cansaço e desânimo. Alguns deixaram de evangelizar, de acompanhar outros crentes num discipulado e de liderar uma célula. Aliás, ao lermos João 21, percebemos que Pedro e alguns dos outros discípulos de Jesus também pensaram em “pendurar as chuteiras”, preferindo voltar ao seu antigo trabalho de pescadores. Vemos, então, em Jo 21.15-17, como Jesus, carinhosamente, chama Pedro de volta ao chamado de pastorear o rebanho do Senhor. A opção é nossa, mas Jesus nos chamou para estarmos com ele. Ele quer que sejamos DISCÍPULOS QUE FAZEM DISCÍPULOS DE CRISTO! Isso tem seu preço. A proposta de Jesus exige de nós assumir um compromisso maior!

 

A partir do trabalho em células, nós temos nos proposto a um discipulado de um-a-um. Vamos ter que melhorar essa nossa visão de ser e de fazer discípulos de Jesus. Vamos olhar textos que falam do chamado de se tornar discípulo de Jesus e observar algumas coisas que têm a ver com preço do discipulado e necessidade de assumir um compromisso. Sem dúvida, nessa questão do discipulado, nós precisamos aprender a assumir um compromisso maior do que está acontecendo atualmente em nossa Comunidade.

 

O PREÇO PARA UM COMPROMISSO MAIOR COM O DISCIPULADO

 Seguir a Jesus, tornando-se um verdadeiro discípulo, traz a enorme bênção duma vida rica e significativa, mas tem o seu preço. Vejamos alguns ensinos de Jesus sobre o discipulado.

 

  1. Ser discípulo de Jesus implica em negar-se a si mesmo.

Lc 9.23, 24: “Jesus dizia a todos: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará”.

  • Negar-se a si mesmo significa optar por Jesus e a Sua vontade para nossa vida. Isso implica em abrir mão de paixões, interesses e projetos pessoais, quando estes não coincidem com o que Jesus planejou para nós.
  • Tomar diariamente a nossa cruz e seguir Jesus, cheira a sacrifício, dor e morte. Há grandes bênçãos para quem segue a Jesus, mas há também um sacrificar-nos e um morrer para o mundo e para projetos pessoais, mas
  • Não perde, mas salva a sua vida quem a perder por causa de Jesus. Se eu tivesse “pendurado as chuteiras” de seguir a Jesus e servi-lo, nada eu teria para apresentar a Deus no dia da ressurreição dos mortos. Tenho, porém, um tesouro nos céus: as pessoas que ajudei a crer em Jesus e às quais ajudei a se tornarem discípulos dele!

Pergunto: Você quer “ganhar” a vida? Como?

 

  1. Ser discípulo de Jesus implica estar disposto a abrir mão de segurança pessoal.

Lc 9.57, 58: “Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: “Eu te seguirei por onde quer que fores”. Jesus respondeu: As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”.

Há uma geração de crentes, hoje em dia, que pensa que seguir a Jesus traz riquezas e conforto material. É isso que Jesus diz ao candidato ao discipulado deste texto? Não!!! Muito ao contrário. Seguir a Jesus significa não ter garantia de conforto e segurança pessoal!

Pergunto: O que você espera ganhar, seguindo a Jesus?

 

  1. Ser discípulo de Jesus implica em colocar o Reino de Deus acima das outras coisas, inclusive da família.

Lc 9.59, 60: “A outro disse (Jesus): “Siga-me”. Mas o homem respondeu: “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai”. Jesus lhe disse: “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus”.

Será que o pai desse homem tinha falecido naquele dia? Estava ele no leito de morte, com câncer? Não. A questão é que esse candidato a discípulo de Jesus estava colocando a sua família (seu pai, no caso) acima do seguir a Jesus e, portanto, acima do Reino de Deus.

Pergunto: Há alguma coisa que você está colocando acima do Reino de Deus e que está impedindo você de crescer como discípulo de Jesus?

 

  1. Ser discípulo implica em não ficar preso ao passado.

Lc 9.61, 62: “Ainda outro disse: “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha família”. Jesus respondeu: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”.

Meu pai usava juntas de bois para lavrar a roça. Isso exige força e concentração durante horas seguidas. Exige força para o arado penetrar fundo na terra e concentração para não sair da linha do rumo certo com o arado, deixando partes sem serem aradas. Quando, como jovem, tentei lavrar pela primeira vez com os bois do meu pai, deu tudo errado. Não tinha a força suficiente para fazer o arado lavrar fundo que chega e não conseguia manter o rumo certo. Resultado: o pai teve que lavrar de novo o que eu tentei lavrar. E quem olha para trás, na hora de lavrar, inevitavelmente perde o rumo certo.

O discípulo de Jesus não pode ficar preso ao seu passado. Jesus espera de nós determinação e compromisso com ele e com sua proposta para nós!

Pergunta: Você está mesmo determinado a seguir Jesus? Quer mesmo assumir um compromisso decisivo com Jesus?

 

  1. Ser discípulo implica em estar disponível.

Mc 1.16-20: “Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. No mesmo instante eles deixaram as redes e o seguiram. Indo um pouco adiante, viu num barco Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, preparando as suas redes. Logo os chamou, e eles o seguiram, deixando seu pai, Zebedeu, com os empregados no barco”.

Diferentemente dos três candidatos ao discipulado de Lc 9.57-62, aqui temos duas duplas de irmãos que, realmente se mostraram disponíveis para seguirem a Jesus. Tinham mais tempo do que aqueles? Não. Estavam trabalhando duro na hora de serem chamados por Jesus. Todos os quatro seguiram a Jesus no mesmo instante. Eles deixaram as redes, pai, empregados da empresa de pesca e seguiram a Jesus! Simão Pedro, André, Tiago e João estavam disponíveis!!! Na realidade, estavam prontos para abrir mão de sua segurança pessoal para servir a Jesus e os outros. Afinal, literalmente abriram mão de seu trabalho profissional (empresa de pesca) e seguiram a Jesus sem saber como seria o sustento próprio e o de suas famílias. Mais tarde, numa conversa com Jesus, depois do encontro de Jesus com o jovem rico, o qual não se mostrou apto para um verdadeiro compromisso de discipulado, esses discípulos comentaram que haviam largado tudo para seguir a Jesus. Então o Senhor lhes perguntou: “E faltou alguma coisa por terem largado tudo para me seguirem?” Eles reconheceram: “Não. Nada nos faltou, Senhor”.

 

CONCLUSÃO

            Indo para uma conclusão, eu gostaria de considerar mais duas coisas neste texto de Mc 1.16-20:

  1. Jesus VIU. “Jesus viu Simão e seu irmão André...” (16), “...viu num barco Tiago... e João” (19).

 Na realidade, este não foi o primeiro encontro de Jesus com estes quatro discípulos. Conforme João 1.35-42, dois deles (André e João) haviam procurado Jesus e, depois de ouvirem o mestre, creram que ele é o Messias prometido por Deus. Em seguida colocaram seus irmãos em contato com Jesus. Atrás da palavrinha “viu”, temos que ler que Jesus já havia conhecido e observado bem essas duas duplas de irmãos e foi à procura deles com intencionalidade. Jesus não os chamou por acaso. Chamou-os para se tornarem seus discípulos. Ele tinha um plano com eles. Qual?

  1. Pescadores de homens. “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”.

 

Quando Jesus chama para seguir a ele, ele o faz com uma intenção: fazer de nós “pescadores de homens”, ou conforme Mt 28.19, para fazermos novos discípulos de Jesus com outras pessoas.

Ao chamar-nos para sermos seus discípulos, pagamos o preço de renunciar do “eu..., eu..., eu...”! Como vimos nas próprias palavras de Jesus: “Se alguém quiser seguir-me, negue-se a si mesmo”.

O Chamado do discipulado de Jesus, na realidade, possui três componentes:

  • Sou convidado a andar bem perto de Jesus e aprender com ele, sendo transformado gradativamente à semelhança dele. Isto é, tornar-se discípulo de Jesus!
  • Ele é o Messias, o Senhor. É na presença íntima dele que somos transformados em discípulos. Não somos chamados para formarmos um grupinho especial de Jesus, nem para continuar a viver egoisticamente para nós mesmos, mas para viver em função dos outros.
  • Outras pessoas. Somos chamados para ajudar outros a crer em Jesus, ajudando-as a se tornarem discípulos dele. Para os pescadores Jesus disse: “vos farei pescadores de homens”. Para um mecânico ele talvez diria: “vos farei mecânicos que consertem pessoas”. De qualquer forma, o chamado de Jesus para sermos discípulos dele, implica em viver em função de outras pessoas, fazendo delas discípulos de Cristo.

 

Concluindo,

Precisamos rever, entre nós, o assunto do discipulado. Quem tem uma percepção do guiar do Espírito Santo, penso estar percebendo que aí está o foco do trabalho em nossa igreja local nos próximos anos.

Quero animar a igreja a olhar com seriedade para esse assunto do discipulado; a crescermos no SER DISCÍPULOS E FAZER DISCÍPULOS DE JESUS.

Quero desafiar a nos dispormos em pagar o preço, assumindo um compromisso maior do que até aqui temos assumido, no que refere a SER E FAZER DISCÍPULOS de Jesus!

Amém.

 

Para conversar em grupos.

Leitura dos textos por pessoas diversas: Lc 9.23, 24; Lc 9.57-62 e Mc 1.16-20.

Perguntas:

  1. O que Deus lhe falou através da mensagem (ou texto bíblico)?
  2. Tem algo que o Espírito Santo está lhe dizendo pra fazer? O quê?
  3. Qual é o próximo passo concreto que você vai dar?